quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Deuses Natalinos



"Assim, como todos vocês tiveram oportunidade de descobrir sozinhos, existem novos deuses crescendo nos Estados Unidos, apoiando-se em laços cada vez maiores de crenças: deuses de cartões de crédito e de autoestradas, de internets e de telefones, de rádios, de hospitais e de televisões, deuses de plástico, de bipe e de néon. Deuses orgulhosos, gordos e tolos, inchados por sua própria novidade e por sua própria importância.Eles sabem da nossa existência, tem medo de nós e nos odeiam - disse Odin. - Vocês estão se enganando se acreditam que não. Eles vão nos destruir, se puderem. É hora de a gente se agrupar. É hora de agir." 
 
Natal. No que você pensou automaticamente quando leu essa palavra? Aposto que não foi no nascimento de Jesus, mas sim no Papai Noel com um saco cheio de presentes. Isso simboliza muito bem o que rola na cabeça das pessoas nessa data e o que elas fazem também. 

sábado, 22 de dezembro de 2012

Hulk me ajudando a entender a hipocrisia



Uma das edições da série de 5 revistas chamada 5 Ronin, que aborda uma versão alternativa da história do Hulk, me fez pensar sobre algo bem insuspeitável: sobre a hipocrisia religiosa. Não, dessa vez não estou me propondo a criticar as religiões, mas a criticar alguns críticos delas. É comum ouvirmos críticas como “Ah ele errou, não é tão caridoso assim, hipócrita!” à respeito de religiosos. No caso do budismo, que é uma religião que tem ênfase no controle da mentem é comum ouvir críticas parecidas quando um praticante perde o controle por alguma razão. E essa revista sobre o Hulk, que se passa num tempo alternativo, no Japão feudal, me fez pensar que talvez esse tipo de falha seja um motivo mais do que suficiente para a prática religiosa, ou em outras palavras, um processo natural em direção ao cumprimento de determinada meta. 

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Marcelo Gleiser fala sobre o lugar da religião



Recentemente, o astrônomo e escritor Marcelo Gleiser foi entrevistado pela jornalista Marília Gabriela. Achei  excelente, apesar de, como toda entrevista desse tipo, ter sido um tanto superficial. Mas foi interessante porque foram abordados muitos temas considerados complexos, mas de forma fácil, como o Bóson de Higgs. Também falaram sobre assuntos polêmicos como esoterismo e o lugar da religião num mundo onde as explicações científicas são mais valorizadas. 


Minha intenção aqui não é ser muito demorado, porque o ideal seria que você, leitor, assistisse ao vídeo. Queria mesmo era tocar num ponto que me chamou a atenção, lá pelos 25 minutos de entrevista, em que o astrônomo fala algo muito pertinente sobre a religião, e que é algo que eu já havia pensando há muito tempo. 


O conflito entre religião e ciência talvez não tenha muita razão de ser, afinal, são duas esferas de análise do mundo, mas que não necessariamente devem se chocar. Por exemplo – utilizando do próprio exemplo do Gleiser – se olharmos um copo d’água, podemos analisá-lo de vários modos. Se quisermos saber a composição química dele, como ele é daquela forma, vamos ter que apelar para um conhecimento básico de química e física. 


Entretanto, se quisermos explorar o design do copo em si, teremos que ter a ajuda de um profissional da área de design. E por aí vai. A religião e a poesia, por exemplo, lidam com outra esfera, que não está ligada à estrutura racional de mundo nem a experimentos científicos. Elas trabalham com o significado. É a famosa distinção entre o “como” e o “porquê”. 


A ciência trabalha explicando como as coisas surgiram, como as coisas funcionam. Por exemplo, como é que o cérebro humano funciona? Daí vem todo conjunto de explicações neurocientíficas sobre sinapases, neurônios e etc, até chegarmos na causa última, que é a explicação evolutiva sobre como aquele mecanismo ter se constituiu como tal. No entanto, quando vc pergunta “por que?”, aí a coisa complica. 


O “por que” pressupõe que haja um significado, e isso não pode ser experimentado pela ciência, não pode ser analisado através de seu método. E falar dessa questão não tem a ver com ser contra ou a favor da ciência.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A falsa dicotomia Natureza X Cultura



Existe um problema na área de humanas que sempre está presente, de forma implícita ou explícita: a briga entre biologia e cultura. Desde os tempos dos filósofos discutia-se sobre se as características que nos faz humanos seriam herdadas ou criadas a partir da interação com o meio social (tábula rasa). 


Hoje, o dilema tomou novos moldes por causa do aumento de conhecimento na área da biologia (neurociência, genética, psicologia, psicobiologia e etc), portanto, para os defensores da tábula rasa, tudo aquilo que faz referência à biologia é motivo de desconfiança. 


Para muitos essa é uma questão ainda pulsante no ambiente acadêmico (e político), mas existe uma gama de autores que acredita que trata-se de uma questão frívola. A verdadeira empreitada hoje é saber como os fatores ambientais e biológicos interagem entre si para formar tudo aquilo que somos no fim das contas.