Convenhamos: o Brasil não é um país de leitores vorazes.
Lemos pouco e o pouco que lemos não parece ser literatura de qualidade. Meu
objetivo nesse texto não é entrar na polêmica sobre a melhor definição para literatura de qualidade nem em nenhum tipo de objetivismo,
relativismo, subjetivismo ou preconceito. Apenas assumamos que auto-ajuda e romances de banca
– que parecem predominar como os gêneros mais lidos – não são exemplares óbvios
dessa categoria. Também corro o risco de generalizar ao dizer que o brasileiro tem tais hábitos.
Obviamente que nem todos se enquadram aí, eu mesmo sou uma exceção. Tendo
antecipado as críticas mais óbvias, chatas e ingênuas, espero que as eventuais críticas sejam sagazes e que acrescentem algo ao debate que pretendo
suscitar.
Diariamente utilizo ônibus; às vezes uso metrô. Sempre que percebo algum passageiro lendo, tendo a tentar identificar de qual livro se trata. Há muito tempo deixei para trás as
esperanças de encontrar mãos folheando algum bom livro de filosofia, ficção
científica, ciência, história ou mesmo algum clássico de fantasia e aventura.
Só o que vejo são romances eróticos e auto-ajuda. Bom, está certo que muitos
livros de filosofia passam por auto-ajuda, pois a filosofia de algum modo nos
ajuda e muito, mas falo é da auto-ajuda descarada mesmo, do estilo Como Ser Feliz em 10 Lições, ou outra
obra com igual teor trágico. Isso para não mencionar obras de autores como Malafaia e padres em geral.