sábado, 16 de agosto de 2014

A comédia relevante de O Guia do Mochileiro das Galáxias


O Guia do Mochileiro das Galáxias é um livro incrível. Utiliza o humor de uma forma inteligente, como ferramenta para tocar em problemas profundos que a humanidade enfrenta desde os primórdios. "O que estou fazendo aqui?", "A vida surgiu por acaso ou foi criada?", "Estamos sozinhos no Universo?", "A vida tem significado?". A lista de questionamentos poderia ser infinita, contendo também respostas que ajudam a criar ainda mais perguntas - como a Hidra, em que cada cabeça cortada dá lugar a mais duas.

Em geral, comédias me decepcionam. Não que eu não tenha senso de humor (ok, alguns dirão que não tenho; outros, que ele é estranho e de lua), mas a maioria delas parece subestimar o espectador com piadas imbecis, superficiais. É como se houvesse um consenso tácito entre comediantes e público, em que a comédia serviria como fuga do complexo, do profundo, do essencial.

Recentemente, ouvi uma pessoa dizer que livros sérios perturbam a mente e podem nos deprimir. Que preferia sempre o que fazia rir. Imagino esse indivíduo pirando ao ler Douglas Adams, que joga com essas duas esferas muito bem.