sábado, 28 de agosto de 2010

A Lei do Eterno Retorno


A Lei do Eterno Retorno foi mencionada pela primeira vez por Nietzsche, em seu livro Assim Falava Zaratustra. O livro conta as aventuras de um velho sábio chamado Zaratustra, que vai percorrendo lugares, ensinando lições através de seus aforismos. No meio de muita linguagem poética, vocabulário rebuscado e talvez uma leitura um tanto cansativa para leitores menos acostumados (ou que não gostam) ao estilo de Nietzsche, encontramos lições riquíssimas, que servem para a nossa vida pessoal, cotidiana e até para nossas questões existenciais.
A principal lição que eu encontrei nesse livro foi a Lei do Eterno Retorno. Ela é simples, mas suas conseqüências são muito complexas e um livro inteiro poderia ser escrito sobre o tema. Confira o que Zaratustra diz no livro:

E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirassem tua mais solitária solidão e te dissesse: “Esta vida, assim como tu a vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes; e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indizivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência – e do mesmo modo esta aranha e este lugar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez – e tu com ela, poeirinha da poeira!” Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasse assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderias: “Tu és um deus, e nunca ouvi nada mais divino!” Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse.

sábado, 21 de agosto de 2010

O Vírus Mental

Qual é o pior parasita? Uma idéia. Uma única idéia de uma mente humana pode construir cidades. Uma idéia pode transformar o mundo e reescrever todas as regras. E é por isso que eu tenho que roubá-la.

sábado, 14 de agosto de 2010

Invasores de Corpos


A busca pelo conhecimento do cérebro é algo fascinante. A década de noventa foi a década da neurociência e parece que a atual década também é dela. Aos poucos são desvendados os mecanismos cerebrais relacionados aos sentimentos, inclusive ao mais especial deles, o amor. Vários distúrbios intratáveis ou parcialmente tratáveis hoje encontram novas e melhores perspectivas de tratamento. Apesar de todos esses avanços, por mais paradoxal que seja, ainda não sabemos praticamente NADA sobre o cérebro, se formos comparar com a capacidade de manipulação infinitamente superior que alguns microorganismos possuem.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A Reinterpretação dos Sonhos


Desde sempre humanidade se questionou sobre os sonhos. Em época em que tudo era interpretado de uma perspectiva mítica, religiosa, sagrada e mística os sonhos eram vistos como profecias reveladas aos homens pelos deuses, como projeções astrais e/ou mensagens, avisos. De fato, a experiência onírica é fascinante sob seus diversos aspectos e visões. Até o século passado o sonho era visto como uma manifestação do inconsciente, realizando desejos reprimidos e questões mal elaboradas pela consciência.  Hoje contamos com instrumentos e métodos mais eficientes para investigarmos os sonhos, e a neurociência é o principal pilar desta nova época. Ela tem lançado luz sobre o que realmente são os sonhos e qual o papel dele no nosso cérebro, como espécie. Agora, fique de olhos bem abertos e embarque nessa viagem.

domingo, 1 de agosto de 2010

A Redenção do Maior Vilão de Todos os Tempos? (PARTE 2)


Agora, examinando o Apocalipse, vemos que ele se refere bem menos a Satã do que nós tradicionalmente achamos. A primeira citação sobre Satã no Apocalipse se dá no capítulo 12, embora não seja óbvio de início que se trata dele. João. Em Ap 12,3, fala sobre um dragão vermelho, com sete cabeças e dez chifres e sete coroas. As características dessa besta obviamente são uma referência às 4 bestas que Daniel descreve no Antigo Testamento. Porém, Daniel em momento nenhum se refere a esses monstros como Dragões, como aparece em João. O Dragão Vermelho de João se assemelha ao monstro marítimo Leviatã, que nas traduções gregas aparecem como “Dragão”.  Agora, subitamente, encontramos um trecho falando de uma batalha entre Miguel e o Dragão, que agora aparece identificado como Satã:

 Houve uma batalha no céu: Miguel e os seus anjos tiveram de combater o Dragão.O Dragão e seus Anjos travaram combate. [...] Foi então precipitado o grande Dragão, a antiga Serpente, chamado Diabo e Satã, o sedutor do mundo inteiro [...]. [Ap 12,7-9]

 É bastante comum “antiga Serpente” ser interpretado como a Serpente que induziu Eva a comer do fruto proibido. Isso ocorre porque as pessoas tem em mente que Satã era a Serpente, mas no próprio Gênesis não existe nada que mencione essa relação entre os dois. Além disso, a relevância sobre o pecado original e todos os eventos de Gênesis, só parecem ter importância para Paulo, e nem ele atribui qualquer relação entre Serpente do Éden e Satã. Vale ainda ressaltar que originalmente um dragão era uma criatura sem pernas ou pés, sem asas, ou seja, de aspecto serpentino e possuía cabeça de cachorro ou mesmo cabeça de mulher com orelhas de cachorro. Portanto, uma serpente e um dragão eram seres idênticos nesse sentido.

Logo depois ocorre outra interrupção no texto e dessa vez nos é revelada uma outra função que Satã parece ter de dia e de noite:

 [...] Pois foi expulso o Acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus. Eles o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da Palavra do testemunho que deram, [...]. mas ai da terra e do mar porque o Diabo desceu para junto delas cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta. [Ap 12,10-12]

 “Acusador” em hebraico é traduzido como “Satã”, em Aramaico como “Satanás” e em Grego como “Diabo”. Portanto, não há dúvidas sobre quem o trecho está se referindo. O que isso significa é que Satã é identificado como o ser que acusa os homens diante de Deus, o que está perfeitamente de acordo com partes do Antigo Testamento como em Jó e Zacarias. Mas é dito que a queda do Acusador já está prevista, e ela ocorrerá de duas formas:

A)     Através da batalha com Miguel (Ap 12,7-9)
B)      Sangue do Cordeiro e dos irmãos, que provavelmente está se referindo aos mártires cristãos que estão por vir.

Os estudiosos do assunto acreditam que esses dois trechos aparentemente fora de sintonia (um falando sobre a queda de Satã ocorrendo após uma batalha com Miguel e outro dizendo que sua queda ocorrerá após o derramamento de sangue do Cordeiro e dos mártires) foram uma interpolação feita posteriormente para expressar alguma mudança de opinião dos autores dos manuscritos. Tal incoerência também aparece em Paulo. Em 1 Tessalonicenses ele acreditava que Jesus retornaria ainda durante sua vida. [1Ts 4,15-17] Mas em 2Ts 2,2-3, escrito após a morte de Paulo por outro autor, a incoerência com a passagem anterior é explicada com o argumento da iniqüidade do homem.

Dessa forma, terminamos a biografia original de Satã, ou seja, vimos o que está escrito de fato nos textos canônicos. Assim, podemos resumir da seguinte maneira: Satã, ou satãs, dependendo da tradução, era uma espécie de promotor divino identificado como um dos Filhos de Deus, que além de realizar sua função no plano divino, era responsável por patrulhar a Terra testando a fé dos judeus e aplicando punições quando necessário, como um tipo de Vigário Geral de Deus. Mas uma mudança ocorre no Novo Testamento, onde parece que é anunciado que sua função parece estar prestes a ser extinta por causa da ascensão de Jesus (ou batalha com Miguel, ou sangue dos mártires), assim não mais haverá mais o Acusador. Mas uma pergunta ainda pode ser feita: mas e Lúcifer?