sábado, 25 de dezembro de 2010

De Onde Vem o Papai Noel?


O Papai Noel hoje certamente se tornou o ícone do Natal, sendo talvez mais mencionado até do que Jesus, cuja festa simboliza seu nascimento. Quem vê o bom velhinho sendo retratado como alguém que sai por aí distribuindo presentes não faz idéia do passado que o cerca até o momento em que virou a figura que conhecemos hoje. 

Como Comemorar o Natal Sendo Ateu?


Como ateus, não temos uma figura de deus. Assim, não faria muito sentido comemorar o natal, afinal esta data seria o pretenso aniversário do deus cristão, Jesus Cristo. (“Pretenso”, porque sequer evidências de que ele realmente existiu temos até hoje.)


sábado, 18 de dezembro de 2010

Descartes e o Mundo Ilusório


Você já teve um sonho, Neo, que parecia verdadeiro? E se você não conseguisse acordar desse sonho? Como você saberia a diferença entre o mundo dos sonhos e o mundo real? – Morpheus (Matrix)
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Neo: Então estamos dentro de um programa de computador?
Morfeu: Acha mesmo difícil acreditar? Suas roupas são diferentes, os plugs do seu corpo sumiram, seu cabelo mudou, sua aparência é o que chamamos de .auto-imagem residual.. É a projeção mental do seu .eu. digital.
Neo: Isto não é real.
Morfeu: O que é .real.? Como você define o .real.? Se estiver falando do que consegue sentir, do que pode cheirar, provar, ver, então .real. são simplesmente sinais elétricos interpretados pelo cérebro. (...)
Não, este não é um post sobre Matrix. Com esse post, proponho a reflexão sobre um dos maiores e mais importantes filósofos que já existiram: René Descartes (1596-1650). Descartes é conhecido pela frase “penso, logo existo”, mas poucas pessoas compreendem o que está por trás desse aforismo. 

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A Verdade Está Lá Fora



Nas últimas semanas creio que a possibilidade de existência de seres extraterrestres aumentou, principalmente no meio dos astrobiólogos. A NASA encontrou aqui na Terra um ser vivo que ao invés de usar um dos componentes essenciais para a vida, o fósforo, usa o arsênico, uma substância altamente tóxica. Até então nunca tinha sido encontrado um ser que fosse diferente com relação às leis químicas primordiais que possibilitam a vida. Isso fez com que fosse mais palpável a hipótese da existência de vida alienígena quimicamente diferente de nós terráqueos, abrindo as portas para o encontro de entidades biológicas em planetas que não necessariamente possuem as mesmas condições da Terra. Mas toda essa situação acaba suscitando algumas questões: será que realmente é coerente contar com a existência desses seres? Considerando o encontro de vida inteligente, isso seria benéfico para nós? 

domingo, 5 de dezembro de 2010

A Ancestralidade do Batismo

Inspiração para os futuros anjos cristãos?
Existe um curioso aspecto da história das religiões e dos mitos que raramente é conhecido pelos devotos. Sabe-se muito bem que diversos fatores interferem na propagação de uma doutrina religiosa ou mito (de agora em diante escreverei somente “mito”, mas o leitor sabe já que se trata de mito e religião), dentre eles está o comércio, as guerras e a unidade de aspectos do pensamento humano que nos fazem ter questionamentos e respostas semelhantes independentemente da cultura em que estamos inseridos (Jung chamou isso de Arquétipos). Tal fenômeno aconteceu durante toda a história humana, afetando todas as tradições mitológicas; e como tal, a religião judaico-cristã não poderia ficar de fora. 

sábado, 27 de novembro de 2010

A Vida de Uma Estrela

Supernova
Convivemos com realidades muito próximas e ao mesmo tempo muito distantes de nossa capacidade de apreender o mundo. Estou falando dos objetos de estudo da astronomia. O estudo dos astros se mostra fascinante e ao mesmo tempo quase incompreensível porque nesse caso, lidamos com tamanhos e velocidades inimagináveis, conceitos e proporções que não são bem compreendidos por nossa percepção adaptada para o contexto das savanas. À primeira vista o mundo astronômico não devia nos interessar porque, afinal, “nosso” mundo é regido por leis da física muito bem explicadas por Isaac Newton e o que está além disso pode parecer irrelevante para nós. Mas, esses fenômenos são essenciais se quisermos compreender como nosso planeta ou até mesmo a vida surgiram. Estou me referindo às estrelas. Elas deram um dos pontapés iniciais da cadeia de eventos que resultou no surgimento da vida. Outro motivo para estudar astronomia é o fato de que o nosso Sol é uma estrela e compreender um pouco sobre esse astro (claro, saber que ele é amarelo e quente não basta) que exerce tanta influência sobre a Terra.

sábado, 20 de novembro de 2010

O Paradoxo da Onipotência


O conceito de onipotência é íntimo da sociedade ocidental, principalmente (ou essencialmente) por ter sido fundada sob os pilares  da religião judaico-cristã, que prega a existência de um Deus onipotente e onipresente. A onipotência, mesmo desvinculada de Deus, é problemática em si mesma porque rompe com aspectos essenciais da lógica. Tentarei mostrar como se dão essas inconsistências.

sábado, 13 de novembro de 2010

Dossiê Maconha: O Complô Político




No primeiro post acompanhamos a relação da cannabis com as tradições dos povos ao redor do mundo, bem como quando ela começou a entrar em jogos políticos de poder (lembra de Napoleão indo ao Egito provavelmente para exterminar as plantações de maconha, já que os ingleses, chefes dos mares, usavam o cânhamo para produzir as velas de suas embarcações?). Mas isso não é o suficiente para explicar como as mensagens de ódio, as supostas notícias de que a erva faz um mal danado à saúde e o combate impiedoso aos seus usuários, realmente começou. Como muitas das influências hoje sobre o mundo Ocidental, o responsável por isso é o Tio Sam. Vejamos como tudo começou.

sábado, 6 de novembro de 2010

Divulgação e Popularização de Pseudociências

Krauss
Na edição especial de outubro da Scientific American, li a última coluna do físico Lawrence M. Krauss. Ele escreve para a revista há 1 ano, sobre assuntos relacionados à repercussão da ciência na sociedade. Sempre gostei muito e sempre admirei o entusiasmo com que ele fala sobre esses assuntos. Para encerrar sua sequência de artigos, Krauss resolveu abordar um tema polêmico que caiu nas graças do público leigo e de um monte de físicos, filósofos e astros, como Oprah, que visam o lucro acima de qualquer coisa. Esse assunto é a mecânica quântica e como ela vem sendo deturpada nos últimos anos pela indústria do esoterismo e da auto-ajuda (se bem que hoje as duas indústrias viraram quase uma só). E me senti inspirado para escrever sobre o assunto.

Já escrevi aqui sobre isso, relatando as peripécias do físico hippie chamado Amit Goswami. Livros como A Lei da Atração, O Segredo, O Tao da Física e “Quem somos nós?” já caíram na boca do povo e são os principais pilares dessa área de detratores. 

domingo, 24 de outubro de 2010

Política + Religião = ..............

Desde que se iniciou o segundo turno das eleições para presidente, os dois candidatos, Dilma e Serra, não fazem outra coisa a não ser massagear o ego dos eleitores que votaram na Marina no primeiro turno: os religiosos. É claro que não foram SÓ os religiosos que votaram na Marina, mas, obviamente, mas muitos deles votaram. Afinal, as pessoas, não raramente, buscam características pessoais para dar seu voto a determinado candidato, na ausência de conhecimento sobre o que realmente importa numa campanha política: as propostas POLÍTICAS para o futuro mandato. 

sábado, 16 de outubro de 2010

Dossiê Maconha: Um Breve Histórico

A Cannabis sativa, mais conhecida como maconha, está na lista negra de boa parte das pessoas do Brasil e EUA. Isso é bem óbvio, mas me surpreendi em descobrir que ela tem toda uma história que a faz ser odiada em todo o mundo e em épocas bem diferentes! Frente à eterna polêmica do “legaliza ou não”, revigorada há pouco tempo pela posição de vários importantes cientistas a favor da legalização, venho aqui mostrar um pouco da conturbada (e manipulada) história da erva. Será que é realmente verdade que ela é tão perniciosa pra nossa saúde? Ela mata neurônios? Causa depressão? Câncer?

sábado, 9 de outubro de 2010

O Que Diabos é Psicologia? - Psicologia Experimental (PARTE 1)


Depois de alguns períodos no curso de psicologia eu percebi que antes de entrar para o curso eu não fazia muita idéia de o que era psicologia (acredito que eu tenha me surpreendido menos do que a maioria das pessoas). Tenho absoluta certeza de que você, que não tem qualquer contato com essa área, também se encontra na mesma situação. Esse post é, sobretudo, um manifesto pessoal. Manifesto de alguém que quer que as pessoas parem de pensar que psicologia se constitui só como prática da terapia (que muitas vezes é pintada como a cena de um homem sentado no divã, falando sem parar e um analista sentado, calado); que a psicologia serve para ajudar as pessoas a arranjar namorado ou para aprender a conversar; que na psicologia existe a pseudocientífica prática da regressão; que psicólogo é sinônimo da tediosa tarefa de aplicar testes. E pior do que isso é quando relacionam auto-ajuda com psicologia. Pensando nessas noções populares, resolvi escrever uma série de posts contando um pouco sobre o que, afinal, é a psicologia.

sábado, 2 de outubro de 2010

A Sexualidade e o Absurdo Malafaia


Em favor da família e preservação da espécie humana. Deus fez macho e fêmea. - Pastor Silas Malafaia
O pastor pentecostal pop Silas Malafaia é conhecido por sua radicalidade (pra não citar sua conta bancária). No dia 27 de setembro estreou mais uma de suas peripécias chamativas: a inauguração de 600 outdoors pelo Rio de Janeiro, com os dizeres acima. Seu objetivo seria “defender os princípios cristãos e valorizar a família.”. 

domingo, 26 de setembro de 2010

Collins e a Religiosidade

Francis Collins é um dos cientistas mais falados e mais geniais da atualidade. Ele está à frente do Projeto Genoma. Nesta entrevista aqui,

sábado, 18 de setembro de 2010

Viagem no Tempo

E se um dia tivéssemos o poder de modificar importantes acontecimentos da história? Imagine impedir que Hitler tivesse ascendido ao poder na Alemanha; ou precaver Einstein sobre a divulgação das descobertas que mudaram o curso da história ao tornar possível a produção da bomba atômica; E mais impressionante ainda; imagine a possibilidade de presenciar os fatos mais controversos, como a vida de Jesus, Buda...Ou mesmo chegar a uma época em que fosse possível observar de perto os nossos ancestrais. Ou então, imagine o extremo oposto, que é a viagem ao futuro. Tema de filme de ficção científica? Nem tanto. O que antes era visto como uma heresia no meio dos físicos, hoje em dia é uma possibilidade teórica levada a sério, tendo sido alvo de pitacos até mesmo de Albert Einstein. E, atualmente fascinando um dos maiores físicos de nossa era: Stephen Hawking. Claro, além de ser tema carimbado em diversos filmes e séries. 

sábado, 11 de setembro de 2010

A Redenção do Maior Vilão de Todos os Tempos? (PARTE 3)

Religiosas ou não as pessoas hoje consideram um fato a existência, pelo menos enquanto personagem de uma narrativa mitológica, de Lúcifer; um anjo caído que continuaria tentando e trazendo desgraças para o nosso mundo. Isso é um caso ilustrativo do fato de que a crença nos paralisa e nos impede de empreender investigações que possam virar de cabeça para baixo o que acreditamos. Com efeito, posso afirmar isso pois, como mostrarei, tal idéia sobre Lúcifer é uma criação mais recente do que imaginamos.

sábado, 4 de setembro de 2010

Lady Gaga: Uma Ocultista?


Há muito tempo que periodicamente tenho contato com alguns videos sobre mensagens sobliminares no youtube. Eles exploram variados temas. São até interessantes. Mas o fato de serem interessantes não quer dizer que estejam retratando algo verídico. Há pouco tempo me deparei com o da Lady Gaga. Antes de ver esse video eu já desconfiava que seria algo de religiosos e conservadores em geral, afinal, mesmo eu não fazendo parte do grupo que a critica, tenho que concordar que ela é bem exótica! Mas então, analisemos o video. Clique aqui para ver o video. 

sábado, 28 de agosto de 2010

A Lei do Eterno Retorno


A Lei do Eterno Retorno foi mencionada pela primeira vez por Nietzsche, em seu livro Assim Falava Zaratustra. O livro conta as aventuras de um velho sábio chamado Zaratustra, que vai percorrendo lugares, ensinando lições através de seus aforismos. No meio de muita linguagem poética, vocabulário rebuscado e talvez uma leitura um tanto cansativa para leitores menos acostumados (ou que não gostam) ao estilo de Nietzsche, encontramos lições riquíssimas, que servem para a nossa vida pessoal, cotidiana e até para nossas questões existenciais.
A principal lição que eu encontrei nesse livro foi a Lei do Eterno Retorno. Ela é simples, mas suas conseqüências são muito complexas e um livro inteiro poderia ser escrito sobre o tema. Confira o que Zaratustra diz no livro:

E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirassem tua mais solitária solidão e te dissesse: “Esta vida, assim como tu a vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes; e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indizivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência – e do mesmo modo esta aranha e este lugar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez – e tu com ela, poeirinha da poeira!” Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasse assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderias: “Tu és um deus, e nunca ouvi nada mais divino!” Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse.

sábado, 21 de agosto de 2010

O Vírus Mental

Qual é o pior parasita? Uma idéia. Uma única idéia de uma mente humana pode construir cidades. Uma idéia pode transformar o mundo e reescrever todas as regras. E é por isso que eu tenho que roubá-la.

sábado, 14 de agosto de 2010

Invasores de Corpos


A busca pelo conhecimento do cérebro é algo fascinante. A década de noventa foi a década da neurociência e parece que a atual década também é dela. Aos poucos são desvendados os mecanismos cerebrais relacionados aos sentimentos, inclusive ao mais especial deles, o amor. Vários distúrbios intratáveis ou parcialmente tratáveis hoje encontram novas e melhores perspectivas de tratamento. Apesar de todos esses avanços, por mais paradoxal que seja, ainda não sabemos praticamente NADA sobre o cérebro, se formos comparar com a capacidade de manipulação infinitamente superior que alguns microorganismos possuem.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A Reinterpretação dos Sonhos


Desde sempre humanidade se questionou sobre os sonhos. Em época em que tudo era interpretado de uma perspectiva mítica, religiosa, sagrada e mística os sonhos eram vistos como profecias reveladas aos homens pelos deuses, como projeções astrais e/ou mensagens, avisos. De fato, a experiência onírica é fascinante sob seus diversos aspectos e visões. Até o século passado o sonho era visto como uma manifestação do inconsciente, realizando desejos reprimidos e questões mal elaboradas pela consciência.  Hoje contamos com instrumentos e métodos mais eficientes para investigarmos os sonhos, e a neurociência é o principal pilar desta nova época. Ela tem lançado luz sobre o que realmente são os sonhos e qual o papel dele no nosso cérebro, como espécie. Agora, fique de olhos bem abertos e embarque nessa viagem.

domingo, 1 de agosto de 2010

A Redenção do Maior Vilão de Todos os Tempos? (PARTE 2)


Agora, examinando o Apocalipse, vemos que ele se refere bem menos a Satã do que nós tradicionalmente achamos. A primeira citação sobre Satã no Apocalipse se dá no capítulo 12, embora não seja óbvio de início que se trata dele. João. Em Ap 12,3, fala sobre um dragão vermelho, com sete cabeças e dez chifres e sete coroas. As características dessa besta obviamente são uma referência às 4 bestas que Daniel descreve no Antigo Testamento. Porém, Daniel em momento nenhum se refere a esses monstros como Dragões, como aparece em João. O Dragão Vermelho de João se assemelha ao monstro marítimo Leviatã, que nas traduções gregas aparecem como “Dragão”.  Agora, subitamente, encontramos um trecho falando de uma batalha entre Miguel e o Dragão, que agora aparece identificado como Satã:

 Houve uma batalha no céu: Miguel e os seus anjos tiveram de combater o Dragão.O Dragão e seus Anjos travaram combate. [...] Foi então precipitado o grande Dragão, a antiga Serpente, chamado Diabo e Satã, o sedutor do mundo inteiro [...]. [Ap 12,7-9]

 É bastante comum “antiga Serpente” ser interpretado como a Serpente que induziu Eva a comer do fruto proibido. Isso ocorre porque as pessoas tem em mente que Satã era a Serpente, mas no próprio Gênesis não existe nada que mencione essa relação entre os dois. Além disso, a relevância sobre o pecado original e todos os eventos de Gênesis, só parecem ter importância para Paulo, e nem ele atribui qualquer relação entre Serpente do Éden e Satã. Vale ainda ressaltar que originalmente um dragão era uma criatura sem pernas ou pés, sem asas, ou seja, de aspecto serpentino e possuía cabeça de cachorro ou mesmo cabeça de mulher com orelhas de cachorro. Portanto, uma serpente e um dragão eram seres idênticos nesse sentido.

Logo depois ocorre outra interrupção no texto e dessa vez nos é revelada uma outra função que Satã parece ter de dia e de noite:

 [...] Pois foi expulso o Acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus. Eles o venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da Palavra do testemunho que deram, [...]. mas ai da terra e do mar porque o Diabo desceu para junto delas cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta. [Ap 12,10-12]

 “Acusador” em hebraico é traduzido como “Satã”, em Aramaico como “Satanás” e em Grego como “Diabo”. Portanto, não há dúvidas sobre quem o trecho está se referindo. O que isso significa é que Satã é identificado como o ser que acusa os homens diante de Deus, o que está perfeitamente de acordo com partes do Antigo Testamento como em Jó e Zacarias. Mas é dito que a queda do Acusador já está prevista, e ela ocorrerá de duas formas:

A)     Através da batalha com Miguel (Ap 12,7-9)
B)      Sangue do Cordeiro e dos irmãos, que provavelmente está se referindo aos mártires cristãos que estão por vir.

Os estudiosos do assunto acreditam que esses dois trechos aparentemente fora de sintonia (um falando sobre a queda de Satã ocorrendo após uma batalha com Miguel e outro dizendo que sua queda ocorrerá após o derramamento de sangue do Cordeiro e dos mártires) foram uma interpolação feita posteriormente para expressar alguma mudança de opinião dos autores dos manuscritos. Tal incoerência também aparece em Paulo. Em 1 Tessalonicenses ele acreditava que Jesus retornaria ainda durante sua vida. [1Ts 4,15-17] Mas em 2Ts 2,2-3, escrito após a morte de Paulo por outro autor, a incoerência com a passagem anterior é explicada com o argumento da iniqüidade do homem.

Dessa forma, terminamos a biografia original de Satã, ou seja, vimos o que está escrito de fato nos textos canônicos. Assim, podemos resumir da seguinte maneira: Satã, ou satãs, dependendo da tradução, era uma espécie de promotor divino identificado como um dos Filhos de Deus, que além de realizar sua função no plano divino, era responsável por patrulhar a Terra testando a fé dos judeus e aplicando punições quando necessário, como um tipo de Vigário Geral de Deus. Mas uma mudança ocorre no Novo Testamento, onde parece que é anunciado que sua função parece estar prestes a ser extinta por causa da ascensão de Jesus (ou batalha com Miguel, ou sangue dos mártires), assim não mais haverá mais o Acusador. Mas uma pergunta ainda pode ser feita: mas e Lúcifer?

sábado, 24 de julho de 2010

Usos e Abusos da Física Quântica (PARTE 2)

Este é o segundo post que tem como objetivo esclarecer a bagunça que físicos como Ami Goswami causam no mundo (sério) da Física.

“E a falsa idéia de que cientistas só trabalham com idéias racionais e matemáticas, está, aos poucos, caindo. Einstein disse isso muito claramente: “Não descobri a Teoria da Relatividade apenas com o pensamento racional”. As pessoas não levam a sério tais declarações. Mas Einstein falou sério. Ele sabia que a criatividade era importante. Agora, quase cem anos de pesquisas sobre criatividade estão mostrando que os cientistas também dependem da intuição.”

Sim, Einstein realmente disse isso. E também estamos percebendo o poder da criatividade como auxiliar na análise de cientistas e elaboração de hipóteses. Mas é preciso que fique claro que, por exemplo, no caso de Einstein, os cientistas não ficaram sabendo de sua idéia, acharam ela bonitinha e criativa e a adotaram.

Einstein penou por anos e anos para que sua hipótese fosse confirmada. E sem contar o fato de que Einstein desenvolveu a teoria inicialmente de forma racional mas para expor tudo de maneira adequada, ele teve que passar a idéia para o rigor matemático e objetivo tão renegado por Goswami. Usar a criatividade e a intuição na ciência não tem nada a ver com torná-las fatos científicos, e sim usá-las como ferramenta para se explicar os fenômenos.

“Eu já compartilhei a experiência fundamental pessoal que tive quando troquei... nem devo dizer que troquei, eu tive uma percepção. Não posso descrevê-la em termos de espaço-tempo. Eu estava fora do espaço-tempo, experimentando diretamente a consciência como a base do ser. É esse tipo de experiência que dá a base para ficarmos convencidos, para termos certeza de que a realidade é algo mais do que o espaço-tempo no mundo em movimento faz parecer.”

Quem leu pelo menos o início da entrevista viu com os próprios olhos o quanto o título de doutor e as universidades onde o físico trabalhou são citadas como algum tipo de selo de qualidade. Como que alguém que se diz físico pode falar coisas tão inseridas na subjetividade e tentar inserir isso em termos de realidade objetiva? Como assim ele estava fora do espaço-tempo? Não existe nenhuma hipótese verificável que garanta tal escape da realidade. Isso mostra que os títulos só servem mesmo de ostentação e pseudo-amostra de credibilidade, porque nesse ponto ele não tem uma atitude digna de um físico doutor e sim de um místico indiano que não sabe separar física de filosofia ou crendices.
  “Heródoto Barbeiro: Doutor Goswami, o senhor falou muito em Deus durante a primeira parte deste programa, e aqui no ocidente, quando se fala em Deus, se imagina que exista o seu contraponto. E aqui no ocidente se dá uma série de nomes a ele. Eu gostaria de saber como é que o senhor explica essa... se o senhor concebe a existência desse contraponto, dessas outras forças que não são necessariamente Deus.”
Li essa pergunta umas 3 vezes porque não conseguia entender como que um cientista que pesquisa física quântica poderia se dedicar a uma questão como essa. Mas o que mais me deixou enojado foi o fato de Barbeiro ter perguntado isso sério! A resposta que segue no texto da entrevista é um show de palavras que não explicam nada, então a única coisa que eu poderia fazer é colocá-las aqui e não comentar nada...porque como alguém pode comentar sobre algo que não tem significado algum?

“Joel Giglio: Doutor Amit, eu sou psiquiatra, analista Junguiano, formado pela Associação Junguiana do Brasil,(...)”
Quando li essa parte inicial já tive uma idéia do que se seguia. Os psicólogos junguianos também, em geral, são grandes místicos e deturpadores de idéias da Física. E ele segue com a seguinte pergunta: “A questão que tem me perturbado muito é: os arquétipos evoluem, embora eles estejam fora do eixo espaço-tempo?”. De fato essa é uma questão perturbadora até pra mim. Para simplificar, para a Física, o tal espaço-tempo é a própria realidade. Toda a matéria está contida nessa realidade, nesse espaço-tempo. Nós seres humanos somos feitos de matéria, logo, estamos introduzidos nesse meio. Os arquétipos certos padrões de pensamento, de processamento de informações, que aparecem na mente de todas as pessoas, em todas as culturas já estudadas. Uma das formas de provar a existência desses arquétipos é o estudo dos mitos, cuja constituição fundamental é padronizada. Bom, então os arquétipos são certos padrões contidos na cognição humana, logo, também está no reino da matéria. Então como pode vir um cara com certo nível de instrução, como um psicólogo, e afirmar que os arquétipos não estão inseridos no espaço-tempo? Isso seria dizer que os humanos não fazem parte da realidade. A não ser que a definição de espaço-tempo de Giglio seja diferente da que os físicos falam, mas Amit Goswami parece ter entendido de primeira o que foi dito. Talvez seja coisas que só místicos entendam, sei lá.

Cláudio Abramo coloca, mestre em filosofia da Ciência, coloca o indiano em maus lençóis ao perguntar como ele pode considerar o trabalho que faz como Física, já que não existe nenhuma formalização matemática em seu trabalho. E também pergunta onde estão as provas empíricas para a afirmação de que existe uma tal consciência cósmica chamada Deus. Amit se esquiva da questão de uma maneira tão evidente que chega a ficar óbvia a sua covardia. Ele diz que não é preciso usar um modelo matemático para a Física só porque os físicos o usam; não está escrito em lugar nenhum que a Física tem que usar a matemática, logo, ele tem a liberdade de trabalhar como quiser. Essa é a mensagem da longa resposta dele. Bom, acho que para quem entende um pouco sobre o assunto é óbvio que isso é um equívoco grave. Desde sempre a matemática é usada na Física e até hoje deu certo, quer dizer, conseguimos prever eclipses, conseguimos ir ao espaço, construir tecnologia de ponta, coisas essas que foram alcançadas através da descrição do universo de forma rigorosamente matemática, logo, o universo funciona sim de maneira descritível por leis matemáticas. E ele continua: “A Física em si precisa de algo além da matéria, ou seja, da matemática e de arquétipos para ser uma ciência consistente.”. A pergunta que não quer calar é: Por que? Como quantificaremos algo imaterial, algo que nem sabemos se existe?

“[...]o corpo físico morre, e o que resta? Se a consciência é a base do ser, vem a idéia de que o que resta é a consciência. É a primeira pista. A segunda pista é que tudo é possibilidade, no modo quântico de ver as coisas. Então, não é irrelevante dizer que as possibilidades podem viver. Algumas possibilidades morrem com o corpo material e o cérebro, mas pode haver outras possibilidades, outras possibilidades que se modificam ao longo da nossa vida, e essas modificações das probabilidades das possibilidades podem formar uma confluência que possa viver mais tarde na vida de outra pessoa.”

Nesse momento me vem aquela vontade desesperadora de pensar em voz alta: que que esse cara tá falando? Onde estão os dados, as experiências? É muito fácil sair afirmando coisas à respeito da física quântica. Como eu disse no outro post, a idéia das possibilidades que geral universos paralelos vêm do trabalho do cientista Richard Feynman. Mas em momento nenhum as pesquisas mostraram que o fato de o elétron percorrer todas as trajetórias possíveis simultaneamente, tornam coerente o conceito de reencarnação.

Primeiro que essa história de que a consciência não é produção do cérebro ainda não possui comprovação, segundo que mesmo que um dia venham a comprovar, terá que ser feita outra pesquisa mostrando que a consciência realmente sobrevive sem o corpo, para aí sim mostrar que ela é capaz de, por algum processo da (pseudo) física quântica, voltar em outro corpo. O que os adeptos da nova onda mística fazem é simplesmente aplicar teorias bem fundamentadas da ciência, em contextos incoerentes, aí produz-se o efeito da verdade. Também é comum que eles tomem como algo sabido a priori, como a existência de almas, para depois explicar como ocorre. Ora, primeiro temos que provar que a alma realmente existe, para depois provar detalhes sobre sua influência.

E assim acaba a segunda parte dos comentários sobre esse debate bizarro.

sábado, 17 de julho de 2010

A Redenção do Maior Vilão de Todos os Tempos?


Há muito tempo eu já tinha percebido que nas religiões existem duas correntes intelectuais que às vezes convergem e também, em grande parte das vezes se bifurcam e vão por caminhos diferentes para talvez novamente se encontrarem no futuro e depois se bifurcam novamente e assim vai. Estou me referindo à tradição e à literatura oficial relifiosa. Nas religiões que registram sua mitologia de forma escrita, em livros, papiros, paredes, pedras...essa disparidade se torna mais fácil de encontrar. Por exemplo, é popular toda a história que envolve o dilema sobre Maria Madalena ser uma prostituta ou somente uma seguidora de Jesus ou os dois. A tradição cristã já solidificou a visão dela como uma prostituta que passou a seguir Jesus, apesar de na Bíblia não existir qualquer passagem que diga que Maria Madalena era essa prostituta. E um fato interessante à respeito disso é que os manuscritos mais antigos do evangelho onde aparece a passagem da prostituta que Jesus acaba salvando, curiosamente não apresenta essa passagem. Logo, os pesquisadores concluíram que essa foi uma passagem adicionada tardiamente por copistas do período inicial da Idade Média. Além disso em 1969 o próprio Vaticano declarou que errou ao estigmatizar Maria Madalena como a prostituta do trecho. Esse é um exemplo um tanto conhecido, mas agora vou entrar numa tradição tão incrustada na nossa cultura, até mesmo em pessoas não religiosas, cujas controvérsias são tão pouco conhecidas, que provavelmente vou causar impacto com minhas palavras.

sábado, 10 de julho de 2010

Epilepsia e Religião


Aqui estou eu novamente para mostrar que eventos aparentemente sobrenaturais ou mesmo próprios de uma suposta alma, não passam (como as atuais evidências nos mostram) de manifestações da própria matéria, ou mais especificamente, do nosso cérebro.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Usos e Abusos da Física Quântica


INTRODUZINDO UMA IDÉIA REVOLTANTE
Eu relutei muito tempo em escrever esse texto [leia a entrevista na íntegra aqui]. Ele fala sobre uma das coisas mais absurdas e que mais me irritam atualmente, que é essa onda de mistificação da física, em especial a física quântica. Para quem não sabe, ela se dedica ao estudo do mundo subatômico. Nessa escala a matéria se comporta de uma maneira muitíssimo peculiar e dá para chegarmos a fenômenos bizarros como um elétron aparecendo ao mesmo tempo em dois lugares; uma partícula interagindo com outra há quilômetros de distância; teletransporte de partículas e etc. Repare que eu repeti várias vezes a palavra partícula. Fiz isso para enfatizar que tais fenômenos bizarros só ocorrem com PARTÍCULAS. Mas alguém poderia perguntar: Ué, mas se isso acontece com partículas e nós somos partículas, esses fenômenos quânticos também deveriam acontecer conosco. Sim, levando a coisa por um viés racional. Mas como aprendemos com Sherlock Holmes, é um erro terrível teorizar sobre algo antes de se ter todos os fatos disponíveis. É preciso levar em conta que nenhum experimento verificou a ocorrência de teletransporte ou qualquer outro exemplo que citei, em corpos macroscópicos. Ao que parece de acordo com os fatos que temos disponíveis, a lei do mundo quântico só vale para o mundo quântico! E isso chega até a ser óbvio, já que eu nunca vi nenhuma bola de teletransportando ou aparecendo em vários lugares ao mesmo tempo (veja o documentário Quem Somos Nós?( What The Bleep Do We Know?) e você ouvirá a afirmação ridícula de que ver uma bola de basquete em vários lugares ao mesmo tempo é possível).

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Rihanna e os Illuminati


Um dia desses me deparei com um blog bem interessante que divulga teorias da conspiração. Eu li alguns posts e logo achei certas inconsistências. Mas isso não é novidade, afinal, teorias da conspiração sempre possuem erros que são ignorados por pessoas que querem simplesmente  acreditar nela. Essa faz parte da lista das relacionadas aos Iluminatti. Vou analisando aos poucos os erros e inconsistências do post.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Por que o Altruísmo?





O argumento do altruísmo sem dúvida é um dos mais usados pelo senso comum e até por acadêmicos desatualizados (ou que optam pelo dogma de que os outros animais são meros robôs que agem pelo esquema do “estímulo-resposta”) para apoiar a idéia de que nós, seres humanos, somos extremamente peculiares em relação aos outros animais e até aos outros primatas. Sim, nós somos bem peculiares, mas a novidade é que talvez não sejamos tanto assim.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Espiritismo Sob Análise Cética



O Espiritismo é uma doutrina religiosa que se julga cientifico – filosófica criada no séc. XIX por Hippolyte Léon Denizard Rivail, mais conhecido como Allan Kardec. Esse nome foi adotado logo depois de ter, supostamente, diversos contatos com espíritos. Foi revelado que Rivail, em uma de suas encarnações, foi um druida celta chamado Allan Kardec. Seu interesse nos espíritos se deu após ter ouvido falar e ter presenciado o fenômeno das “cadeiras girantes”, em Paris. Tal fenômeno ocorria em salas mal iluminadas em que médiuns se sentavam ao redor de uma mesa e após um período de concentração, a mesa começava a levitar, girar e etc. Os médiuns diziam que esses eram fenômenos causados pelos espíritos. Esses casos são ostentados com orgulho pelos espíritas como sendo algo com comprovação científica. Vou analisar esse e outros fenômenos relacionados ao Espiritismo.

domingo, 23 de maio de 2010

Literalmente Autistas



Há muito tempo tentam encontrar as causas dos distúrbios do espectro autista. Sabemos que várias estruturas cerebrais e do encéfalo estão prejudicadas nesses casos. Uma dessas áreas prejudicadas corresponde a uma parte específica do córtex pré-frontal (área localizada mais ou menos na altura da testa) onde se localizam os neurônios-espelho. Essa células estão intimamente relacionadas com o comportamento social. Quando nós vemos alguém sofrendo, inevitavelmente nós nos compadecemos da dor alheia. Isso se chama empatia. A capacidade de sentir em nós mesmos o que acontece com o semelhante. Temos essa capacidade graças a essas células. E isso vale para outras situações menos óbvias. Quando nós vemos uma pessoa fazendo um gesto simples como acenar com as mãos, nosso cérebro se ativa na regiões responsáveis pelo movimento, como se nós estivéssemos fazendo isso também. Nas pesquisas com autistas, ficou claro que os autistas eram desprovidos dessas capacidades empáticas.

domingo, 16 de maio de 2010

A Síndrome do Sábio

O autismo é um distúrbio do desenvolvimento que foi descrito pela primeira vez em 1943 pelo médico austríaco Leo Kanner. No mesmo ano, a síndrome de Asperger foi descrita pelo também médico austríaco Hans Asperger. O austismo de Kanner é o clássico, em que o paciente apresenta ausência de linguagem e interação social e movimentos corporais repetitivos, entre outros sintomas. É um distúrbio multifatorial, ou seja, sua causa está ligada a propensões genéticas que proporcionam um mau desenvolvimento de certas partes do cérebro, envolvidas na capacidade de interagir com o outro e de desenvolver a linguagem, como os neurônios-espelho, localizados no córtex pré-frontal e a área de Brocca, relacionada ao processamento da linguagem. Mas também pode surgir caso estímulos ambientais na tenra infância não sejam suficientes para que as áreas cerebrais citadas se desenvolvam corretamente.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Primatas Quase Humanos


Um artigo recente mostra um estudo bem interessante. Os primatólogos filmaram o comportamento de um grupo de chimpanzés após a morte de um dos membros do grupo e também fizeram vídeos e tiraram fotos de mães chimpanzés carregando os corpos de seus filhotes mortos.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Dinossauros e Homens??


Recentemente li um artigo num blog criacionista, A Lógica do Sabino, que falava sobre a suposta descoberta de que na verdade os dinossauros não tinham sido extintos há 65 milhões de anos por causa da queda de um gigantesco meteoro aqui na Terra, mas sim 300 mil anos antes da extinção dos dinossauros. Agora me ponho a analisar este pequeno artigo.

Quando eu li que “Os dinossauros têm fornecido boas evidências a favor do criacionismo bíblico.” Meus olhos quase saltaram. E o texto continua com “Eles confirmam a juventude da Terra, pelo facto de ainda ser possível encontrar tecidos moles nos seus fósseis em excelente conservação.” Tal argumento audacioso tem base nesse artigo aqui, que é até interessante, mas não representa nenhuma evidência contra a evolução. Basicamente ele relata a descoberta de um fóssil identificado como um fóssil de tiranossauro, que ainda conserva algumas partes de tecido mole, o que é de se espantar, graças à idade de um típico fóssil, que impede a conservação desses tecidos.

O autor se mostra bastante ansioso em decretar a inconsistência da teoria da evolução, ou pior, ele se mostra quase seco por decretar o seu fim! Tudo isso por causa de UM artigo que anuncia UM caso que foge do padrão. Eu gostaria que os criacionistas aplicassem essa lógica às suas crenças também. Existe uma meia dúzia de estudiosos que defende a não existência de Jesus. (não só a inexistência do Jesus filho de Deus, mas a inexistência do Jesus histórico também) Algum criacionista decreta o fim de suas crenças ou se sente minimamente abalado por causa desses especialistas que nem compõem a maior parte da comunidade científica? Obviamente que não.

Com relação aos artigos que o blog citou, podemos colocá-los na mesma categoria dos que dizem que Jesus não existiu. As pesquisas científicas ocorrem a todo o momento e não raras vezes obtêm resultados que contrariam teorias já consolidadas. Mas é preciso ter em mente que tais descobertas só podem ser consideradas mesmo um FATO, quando a comunidade científica revê a pesquisa e chega às mesmas conclusões. Antes desse processo, o resultado em questão não pode ser levado por aí como se fosse um troféu, derrubando tudo e todos.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

EXPLICAR não é JUSTIFICAR


Já algumas vezes me deparei com situações em que pessoas tentavam explicar um assunto e eram censuradas porque, segundo quem criticava, estavam tentando justificar algo que simplesmente não tem justificativa. Minha hipótese, que na verdade é algo até óbvio, é que na verdade não se tratava de JUSTIFICAR e sim de EXPLICAR. Essa é uma diferença aparentemente insignificante, mas que com os devidos exemplos, tudo se tornará claro.

Em assuntos delicados como o Nazismo, as pessoas costumam se envolver bastante emocionalmente, o que facilita a ocorrência dessa confusão. Poucas pessoas sabem que a suástica, originalmente, não é um símbolo nazista. O Budismo Tibetano adotou esse símbolo há milênios, que significa a fluidez de energia, a positividade e o ciclo de morte e reencarnação. Hitler, como se interessava quase obsessivamente em encontrar fundamentos ocultistas para suas práticas, fez algumas peregrinações ao Tibete a fim de encontrar provas da existência da raça ariana. Por sinal, outro conceito que também não foi inventado por Hitler. A raça ariana faz parte da mitologia nórdica, e é retratada como o povo descendente direto do deus Thor. Em relação à suástica, é bem fácil ver a diferença entre a empregada pelos budistas e a usada pelos nazistas. A do primeiro grupo é usada com as hastes viradas para a esquerda, e a dos últimos, para a direita.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Tudo é Relativo. Ou não (Parte 2)


Essa é a segunda parte do texto [ver primeira parte] que mais uma vez mostra o brilhantismo de Einstein. Sua segunda teoria: A Relatividade Geral.

Newton, com a Lei da Gravitação Universal, dizia que a gravidade é uma propriedade que varia de acordo com a massa e com a distância em que um objeto está em relação a outro. Máxima expressa em equações. Só que Einstein foi o único que identificou um erro muito sutil, nessa equação. Newton não levava em consideração a variação de tempo em que um corpo fica na presença de outro. E isso significa que, para a física newtoniana, qualquer perturbação entre a distância e massa seria sentida imediatamente pelos corpos envolvidos. Por exemplo, se o Sol desaparecesse as perturbações gravitacionais decorrentes disso seriam sentidas por nós imediatamente, segundo Newton. Mas isso entra em desacordo com a Teoria da Relatividade Especial, que diz que nada pode se deslocar numa velocidade maior que a da luz. Logo, teria de decorrer um tempo entre o desaparecimento do Sol e a nossa percepção disso.[saiba mais] Tal corpo, para realizar essa proeza teria que ter uma energia infinita porque quanto mais rápido ele se desloca, mais energia ele precisaria pra manter o deslocamento e se acelerar. Na velocidade da luz, essa energia estaria num patamar infinito. A luz demora aproximadamente 8 minutos pra chegar até a Terra, como então a informação sobre a gravidade poderia chegar até nós em menos tempo? Pior...como poderia chegar instantaneamente?






Einstein notou isso e começou a trabalhar para resolver o problema. Outra questão que estava começando a dar problemas na época era a questão da natureza da gravidade. O que, afinal, é essa força? Nem Newton ousou responder isso. A única coisa que se sabia era que ela promovia atração entre a matéria. Einstein descobriu, através de diversas observações, dentre elas um eclipse em Sobral, aqui no Brasil, em 1919, que a luz é curvada pela gravidade. Assim foi comprovada a tese de Einstein.

Mas e a gravidade? O que ela é?

Se colocarmos uma bola de boliche numa cama elástica, a cama se curvaria por causa do peso da bola. Em seguida, se jogássemos várias bolinhas de gude na cama, elas iriam rolar e seu trajeto seria determinado pela geometria das deformações na cama, ou seja, as bolinhas ficariam, pelo menos por um tempo, rolando ao redor da bola de boliche. Pois é exatamente isso que acontece com a gravidade. A massa dos corpos curva o tecido do espaço-tempo, fazendo com que outros corpos ao passarem por perto, caiam nessas deformações. É isso o que acontece com o nosso sistema solar, por exemplo. O Sol possui uma massa absurda, se comparado à massa dos planetas ao redor, essa massa curva o tecido do espaço-tempo, e os planetas acabam ficando “presos” nessas deformações. Como no vácuo não tem como esses corpos frearem seu movimento, eles tendem a mantê-lo, só que numa trajetória curva, ao contrário de um asteróide se deslocando por alguma porção do espaço que não possua corpos para interferirem no movimento retilíneo.

Einstein complementou a Lei da Gravitação Universal, de Newton, e deu uns retoques onde era preciso. Uma pergunta bastante cabível nesse momento seria: Por que não aprendemos a Teoria da Relatividade no colégio, ao invés das velhas Leis de Newton? As Leis de Newton servem para fins práticos, quando é preciso fazer cálculos referentes a fenômenos que ocorrem em escalas terrestres. Quando se trata de cálculos para escalas de proporções estelares, elas apresentam falhas. Isso porque são leis incompletas, que fracassaram onde Einstein triunfou.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

"As Várias Faces de Jesus"



Aproveitando a Páscoa, vou abordar aqui um assunto relacionado ao Cristianismo. Imaginar qual era o contexto da época entre a morte de Jesus e o surgimento da Igreja Católica certamente é algo que me deixa bastante curioso. Certamente é uma experiência reveladora, reflexiva e polêmica, imaginar como era o Cristianismo antes mesmo da elaboração da própria Bíblia.

Nos séculos II e III, vários manuscritos diferentes foram escritos.  Alguns deles estão na Bíblia, outros (a maioria) foram simplesmente excluídos, esquecidos ou mesmo queimados. Era uma época em que o Cristianismo como conhecemos hoje existia, mas existia juntamente com vários outros. Existiam várias correntes cristãs, que defendiam diferentes visões sobre a mensagem que Jesus deixou, o caminho a percorrer para alcançar a salvação e sobre a própria natureza do Deus judaico-cristão. E o mais surpreendente é que cada uma dessas diferentes correntes cristãs estava igualmente embasada em textos, assim como hoje os cristãos se sentem embasados pela Bíblia. Citarei aqui algumas dessas correntes cristãs dos séculos II e III e comentarei um tanto superficialmente sobre a cristologia que cada uma delas defendia. Espero que isso instigue o leitor a ler os livros que indicarei no final do post!


ADOCIONISTAS

Essa cristologia era seguida por uma seita formada por judeus, os ebionitas. Eles acreditavam que Jesus não nasceu de uma virgem nem era divino. Ele simplesmente era um judeu que seguia à risca as leis judaicas e no momento de seu batismo, Deus o adotou como seu filho. Em recompensa à essa disciplina, Deus teria feito Jesus ressuscitar.

DOCETAS

Essa cristologia, defendida pelo filósofo-mestre Marcião, é o extremo oposto da adocionista. Marcião seguia estritamente os escritos de Paulo. Esse grupo acreditava que a lei judaica era tão diferente dos dizeres de Jesus, que muitas vezes até a desafiava, que as duas não poderiam ter sido obra de um mesmo Deus. Dessa forma, o Deus dos judeus era o que havia criado o nosso mundo, o mundo material, enquanto Jesus tinha sido mandado por um Deus maior e realmente bondoso e misericordioso, que tinha vindo livrar o mundo do Deus egocêntrico dos judeus. Jesus nem mesmo era visto como um ser humano. Era visto como um ser totalmente divino. Então, na verdade ele não sentia dor, não tinha um corpo, não sentia fome ou sede, não sofria e não foi morto na cruz realmente. Tudo era só aparência. Não é coincidência a palavra “doceta” vir de uma palavra grega que significa “aparência”, “aquilo que parece ser”. Já que Jesus não podia morrer, já que era totalmente divino, a crucificação não passou de uma encenação de sacrifício feita para que o Deus dos judeus deixasse o mundo em paz e deixasse os humanos nas mãos do Deus que havia mandado Jesus.

SEPARACIONISTAS

O grupo de cristãos primitivos mais famosos sem dúvida é o grupo dos gnósticos. Esse talvez seja o maior grupo. Tal cristologia é defendida pelos cristãos chamados gnósticos. Segundo eles, Jesus não era nem completamente humano completamente divino, mas meio humano e meio divino. É como se Jesus fosse um ser humano normal e o Cristo tivesse se apossado dele para exercer seu ministério. Segundo os gnósticos, uma certa divindade (existiam uns 300 deuses) tinha sido excluída da camada celestial. Uma vez excluída, ela resolveu criar o mundo material e criar nós, humanos. E escolheu o povo judeu para fazer aliança. Esse Deus dos judeus, assim como o Deus segundo os docetas, era um Deus egoísta, mesquinho, possessivo e sanguinário, já que exigia sacrifícios de animais, apedrejamento como pena para vários pecados.

Segundo eles, todo ser humano teria uma centelha divina que podia ser liberada se tivesse o CONHECIMENTO secreto que possibilitasse tal coisa. Daí vem o nome “gnóstico”, da palavra grega gnosis que significa “conhecimento”. Existia um Deus supremo, mais poderoso e mais bondoso que o Deus judaico. Esse Deus mandou Cristo para exercer seu ministério através do corpo de Jesus. Dessa forma, o plano do Cristo era que o corpo de Jesus fosse sacrificado para que a centelha divina, Cristo, fosse libertada. É por isso, segundo os gnósticos, que no momento da crucificação Jesus diz antes de morrer: “Deus, Deus, por que me abandonaste?”. Ou seja, Deus,  a fagulha divina existente em nós, literalmente abandonou Jesus. Como uma forma de retribuir a fidelidade de Jesus, o Cristo ressuscitou seu corpo para que a tal fagulha divina continuasse seu ministério na Terra.

Intrigante, não? Bom, não vou comentar a fundo aqui, mas a doutrina cristã que chegou até nós com a Igreja Católica, foi a interpretação vencedora dentre essas que eu citei. É claro que esse assunto é bem mais complexo e longo, então, pra quem ficou interessado, recomendo os seguintes livros:

Os Evangelhos Gnósticos – Elaine Pagels
O Que Jesus Disse/ O Que Jesus Não Disse – Bart Ehrman
O Problema com Deus – Bart Ehrman
Evangelhos Perdidos – Bart Ehrman

segunda-feira, 29 de março de 2010

Dawkins e o Gene Egoísta


Esse é o título de um livro do biólogo britânico Richard Dawkins, onde ele descreve o conceito de gene egoísta. Os criacionistas de plantão, os cientistas sociais e psicanalistas que não entendem ou simplesmente fazem questão de não entender as  áreas relacionadas à biologia, se tremelicarão ao ler esse post, que trata de um tema quase herético para eles.

A primeira impressão que temos ao ler uma expressão como O Gene Egoísta é achar que o autor está prestes a falar coisas maléficas sobre a natureza humana, algo bem estilo Hobbes mesmo. Mas, nem de longe, se trata disso.

Já vimos no post sobre evolução, que os indivíduos que possuem características que proporcionam maior eficiência na reprodução e na sobrevivência se dão melhor do que os outros. Essa é uma idéia já bastante batida. Mas o que Dawkins fez, foi explicar isso do ponto de vista do gene, e não mais do organismo. Segundo ele, os genes são máquinas replicadoras, logo, existem vários genes coexistindo uns com os outros, mas alguns conseguem se replicar mais do que outros. Esses genes que conseguem se replicar mais são os que vão gerando mais descendentes de si mesmos, até os dias de hoje. Mas e daí? Como exatamente alguns genes conseguem se replicar mais que outros?

Suponha a seguinte situação: existe um gene A que em determinado momento se replica até gerar mais dois genes idênticos a ele, B e C. Em algum momento, B e C também se replicarão. Então, suponha que no momento dessa replicação, ocorra um erro e o gene D resultante tenha uma pequena diferença com relação aos originais, de forma que D produza uma membrana protetora em volta de si mesmo, através da decodificação de certas proteínas. Presume-se que D levará certa vantagem do que os outros, pois ele é imune a danos que prejudicariam sua capacidade de gerar mais genes. Dessa forma, D se replica e gera mais outros genes envolvidos por essa membrana. Agora, num salto de talvez 100 anos, imagine que outros erros nas replicações ocorreram e agora existe não mais um gene envolvido por uma membrana protetora apenas, mas genes que possuem um complexo responsável por uma produção de energia que proporciona uma maior taxa de replicação, uma segunda membrana protetora, que serve para reconhecer outras membranas e outras substâncias. Acabamos de inventar um processo semelhante ao que aconteceu com as primeiras unidades replicadoras até o surgimento das primeiras células, no nosso mundo.

A conclusão que Dawkins tira de processos desse tipo é que os genes estão sempre trabalhando em sua auto-promoção. Células, corpos, cérebros, seriam somente adereços destinados a servir como um otimizador na capacidade de procriação de si mesmos. Por isso são egoístas. Muitas pessoas nada desfavorecidas intelectualmente tentam deturpar tal visão alegando não ser ciência e sim metafísica o que o biólogo britânico faz.

Em situação pior tal visão entra ao propor que nós humanos, assim como os outros primatas, temos uma “vocação” para a criação de moralidade e outras características comportamentais. Durante muitos séculos, os sentimentos, emoções e comportamentos em geral foram vistos como atribuições de uma alma ou espírito metafísico que paira sobre nossas cabeças. Mas a observação de comportamentos parecidos, mas em menor intensidade, em outros primatas e pesquisas no ramo da neurociência cognitiva estão fazendo essas visões afundarem num mar de visões ultrapassadas, mas que ainda relutam em voltar à superfície.

Um dia desses li um texto no blog Anderson Wasser em que o autor convidava o leitor a fazer uma escolha entre o gene egoísta e a bondade de Madre Tereza de Calcutá. Uma questão como essa só poderia surgir de uma mente que não compreendeu o que Dawkins quis dizer. No post, o autor alega que não existe nada que ele ganhará, por exemplo, ao ajudar o próximo, portanto, não poderia existir nenhuma fagulha de egoísmo nessa atitude. De uma vez por todas: dizer que temos genes egoístas não significa dizer que somos seres egoístas. A própria empatia e solidariedade presente em diversas espécies, podem ser mecanismos “criados” (leia a OBS abaixo) por genes egoístas para otimizar a replicação desses genes.

OBS: quando dizemos que um gene tem certa característica para servir a determinado fim, na verdade queremos dizer que através de processos mutacionais aleatórios surgiram certas capacidades, que podem ou não levar vantagem na seleção natural.