Em todo debate que se tem com religiosos cristãos em algum momento chegamos na discussão sobre as profecias bíblicas, que seriam uma prova de que a Bíblia é a Palavra de Javé e pronto. Um subconjunto desse campo de argumentação (profecias) é o Anticristo, que é tanto odiado e evitado como aguardado por simbolizar o início de uma cadeia de eventos que terá o ápice na volta de Jesus. Muita controvérsia ronda essa argumentação, e pra mostrar isso nem preciso falar de ciência porque os próprios religiosos se debatem sobre essa questão. Por outro lado, o debate é desnecessário se pensarmos que o Anticristo é uma espécie de forma onde, ao longo da história, diversas pessoas já se enquadraram nele.
Obama hoje também é visto como Anticristo |
Quando os religiosos (os que acreditam no Anticristo) abrem o jornal toda manhã, procuram por sinais de que existe um Anticristo já está entre nós, e quem procura acha. Essa ansiosidade reflete o fato de que o retorno de Jesus está diretamente vinculado a vinda de seu maior opositor. A maior parte das referências Bíblias usadas para assumir a vinda desse homem possuído pelo próprio Satã está no livro de Daniel e no Apocalipse. Por exemplo, em Daniel 7:8 está escrito que ele terá um chifre com um olho humano e uma boca que profere palavras arrogantes. Para os intérpretes mais empolgados isso é uma referência ao dom da oratória desse grande vilão. Nesse sentido, existe pelo menos meia dúzia de personagens históricos que se encaixam aí, com destaque para dois: Hitler e Mussoline. Já em Apocalipse 13:7 é dito que ele recebe autoridade sobre toda tribo, povo, língua e nação. Entusiastas como Jerry Jenkis, autor da série de livros Left Behind, afirmam que o filho do Tinhoso “será uma figura política que primeiro trará paz. Também será uma figura eclesiástica pois suplantará as religiões do mundo com a sua.”. De certa forma isso se encaixa bem na figura de Hitler, que era elogiado por sua oratória (motivo este que o levou a ser escolhido pelos líderes do partido Nacional-Socialita para ser seu representante) e realmente criou toda uma mitologia própria com o Nazismo, que se utilizava de símbolos sagrados em outras culturas como a própria suástica e os dois raios do uniforme dos soldados da SS, e planejava distribuir esse novo ídolo a todos os países sob o domínio do Terceiro Reich.
Jerry Jenkins |
Essa tendência de nomear um grupo ou pessoa para se temer e evitar é ago que sempre existiu na história humana; todas as mitologias possuem um pensamento parecido em certo grau. Com o Cristianismo não é diferente. Quando a Europa se debruçou sobre a descoberta do Novo Mundo um pensamento parecido veio à tona. Segundo Mateus 28, o mundo todo precisa ser evangelizado antes da vinda de Cristo, o que levou os descobridores a investir numa evangelização intensiva dos nativos. Mas os visitantes passaram por problemas quando seu estoque de alimentos começou a faltar. Assim, foi preciso começar a usar a comida dos próprios indígenas; e o destaque vai para a palavra roubo...os europeus literalmente começaram a roubar a comida dos índios. Pouco tempo foi necessário para que batalhas explodissem por todo o lado e, claro, houvesse assassinato em massa dos nativos. Como justificativa para a perseguição, roubo e extermínio os europeus alegarm que os habitantes do Novo Mundo eram agentes do Anticristo porque a sua origem não era narrada na Bíblia (não eram descendentes de Adão e Eva, somente os europeus).
Em termos de ameaça estrangeira o título de Anticristo também foi usado. Na época da Revolução Americana, Jorge III, Rei da Grã-Bretanha de 1760 até 1801, também foi considerado o Anticristo. Os primeiros colonos americanos se viam como o povo escolhido por Deus então era conveniente escolher todo o resto como uma espécie de ameaça e se fechar numa política e economia interna. Nesse período, a Inglaterra era o grande Mal a ser combatido. É engraçado como hoje os papéis se inverteram de certa forma. O grande Mal é identificado como provavelmente um americano ou o próprio país, graças a Apocalipse 13:17,18 que faz a clássica menção ao número da besta como um código usado por todos aqueles que quiserem comprar e vender. Isso atiçou os conspiradores a relacionar domínio econômico com o prometido Anticristo. Sendo assim, inúmeros presidentes americanos já entraram para o club dos vilões mundiais. No período do New Deal, Roosevelt era o malicioso e manipulador, um mestre demoníaco de fato. Quando promoveu a Lei do Seguro Social em 1935 todos disseram que as profecias bíblicas sobre o 666 se realizariam pois números seriam dados às pessoas e etc. O próximo presidente foi Ronald Wilson Reagan, cujos 3 nomes possuem 6 letras, logo, 666. Imagine o frenesi que isso causou.
Pous cos sabem, mas essa idéia de um agente do Anticristo no mundo, arrebatamento e fim do mundo tem origem nas pregações de um influente pastor britânico do século XIX: John Nelson Darby. Seus ensinamentos se chamam dispensacionalismo porque dividiu a Bíblia em eras, ou partilhas, do inglês dispensations.Para ele Deus trabalhava com a humanidade de diferentes maneiras de acordo com as referidas eras, para guiar o homem a um projeto final de redenção, segundo o historiador Timothy Weber. Seu método era ler parte separadas do Antigo e Novo Testamento e juntá-los numa explicação coerente. O processo era semelhante a montagem de um quebra-cabeças. Essa visão rapidamente ganhou adeptos e se popularizou nos EUA de forma que hoje a maior parte das igrejas, instutos de ensino bíblico e educadores bíblicos segue tal tendência.
Fontes / Saiba Mais
History Channel - Decifrando o Passado - O Anticristo
Left Behind