segunda-feira, 31 de maio de 2010

Espiritismo Sob Análise Cética

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O Espiritismo é uma doutrina religiosa que se julga cientifico – filosófica criada no séc. XIX por Hippolyte Léon Denizard Rivail, mais conhecido como Allan Kardec. Esse nome foi adotado logo depois de ter, supostamente, diversos contatos com espíritos. Foi revelado que Rivail, em uma de suas encarnações, foi um druida celta chamado Allan Kardec. Seu interesse nos espíritos se deu após ter ouvido falar e ter presenciado o fenômeno das “cadeiras girantes”, em Paris. Tal fenômeno ocorria em salas mal iluminadas em que médiuns se sentavam ao redor de uma mesa e após um período de concentração, a mesa começava a levitar, girar e etc. Os médiuns diziam que esses eram fenômenos causados pelos espíritos. Esses casos são ostentados com orgulho pelos espíritas como sendo algo com comprovação científica. Vou analisar esse e outros fenômenos relacionados ao Espiritismo.
AS MESAS GIRANTES
As “mesas girantes” não tem nada de realmente científico já que qualquer experiência científica deve ser feita com rigoroso método. O principal fator do método científico que se opõe drasticamente a esse caso é que os experimentos devem ser públicos, ou seja, deve haver uma formalização do experimento de forma que qualquer um possa reproduzi-lo. E isso deve acontecer várias vezes para que seja eliminada a hipótese da ação do acaso nos resultados. Esse obscuro fenômeno que ocorria em Paris não era feito dessa forma, assim como tudo que remete ao sobrenatural ou magia. “Os espíritos” se manifestavam quando achavam que deviam e tudo isso dependia de quem realizava a comunicação. Os espíritas dizem que “o telefone só toca de lá para cá”. Nada mais conveniente. Imagine se Newton formulasse uma teoria científica da gravidade, mas dizendo que a lei matemática que rege qualquer corpo em queda livre só é válida às vezes, ou que depende de quem está realizando o cálculo. Não acho que isso seria ciência. Não estou afirmando que espíritos não existem, mas estou afirmando que nunca foi detectado nada que nos prove que eles existem. Logo, isso constitui uma crença metafísica. A existência de espíritos é tão verdadeira quanto a existência de um dragão invisível na garagem
ESPÍRITOS: CENTRO DA NOSSA “HUMANIDADE”?
O conceito de espírito é outra coisa que está longe de parecer ciência. Segundo os espíritas ele seria uma entidade ainda encarnada, onde reside a inteligência, pensamento, a vontade, a moral.  Os espíritas não são os únicos que acreditam nisso. O próprio senso comum compartilha essas idéias. As pessoas geralmente sentem que essas características não podem vir de algo biológico ou físico, tem que vir de algo que pertence a outro mundo, algo próximo do divino. De acordo com as informações de que dispomos agora, essa visão se torna ultrapassada. A neurociência em poucos anos conseguiu mostrar que o nosso cérebro é a unidade biológica que processa até mesmo essas características. E isso é facilmente compreendido quando se observa que outros animais também possuem muitas das características que antes eram atribuídas só a nós, humanos. O exemplo mais recente disso é a descoberta de que chimpanzés também ficam de luto. Podemos hoje claramente ver que o cérebro é o responsável por definir quem somos. Qualquer alteração na estrutura cerebral, seja por fatores genéticos ou ambientais, pode causar uma mudança extrema em nossa natureza. É só olhar para os autistas.(saiba mais clicando aqui e aqui) Essas pessoas possuem problemas com a ativação dos neurônios-espelho, que são células presentes no nosso cérebro que fazem com que nós espelhemos, imitemos o comportamento de outras pessoas, sintamos empatia e etc. Psicopatas possuem também uma alteração no funcionamento dessas células e em outras partes do cérebro, o que os torna seres sem empatia, frios, calculistas, o que faz com que eles tenham a racionalidade plena a ponto de entender o que é o sofrimento alheio, mas como eles não sentem, estão totalmente aptos a realizar atos horrendos como assassinatos brutais, sem sentir remorso depois.  A própria moral, uma das características mais nobres dos humanos, também encontra paralelo no Reino Animal. Os chimpanzés ajudam uns aos outros, possuem regras para a convivência harmônica em grupo e qualquer um que quebre essas regras pode ser expulso ou até morto. Pude ver uma cena dessas assistindo a um vídeo raro em que um grupo de uns 5 chimpanzés cercava outro e espancava –o até a morte. Vi isso em um episódio da série Ciência Viva, no Discovery Channel. Em contrapartida, os chimpanzés assim como os humanos, podem fazer favores sem esperar algo em troca. Portanto, o que resta para atribuirmos a uma alma imaterial?
MUNDO ESPIRITUAL COMO CAUSA DO MUNDO MATERIAL?
Não é incomum notar que as crenças geralmente localizam o mundo espiritual, ou o mundo divino sempre como um mundo acima de nós, metaforicamente ou não. Isso não é novidade sobretudo para os cristãos, que herdaram essa tradição do judaísmo que por sua vez herdaram possivelmente do platonismo grego. A própria concepção da ressurreição de Jesus está ligada a essa visão. Naquela época, a cosmologia judaica acreditava que o mundo era plano. Em cima do nosso mundo havia o Céu e embaixo de nós, o Mundo dos Mortos. Quem morria, inevitavelmente ia para o mundo inferior. Para os judeus apocalipsistas, no dia do Juízo Final Deus iria descer aqui na Terra e iria decretar quem subiria com ele para o Céu. Pois bem, para ascender ao Céu era preciso antes sair do Mundo dos Mortos e subir para o dos vivos, ou seja, a Terra. O próximo passo era subir novamente, dessa vez para o Céu. Isso é a Ressurreição, o que nada mais é do que a passagem obrigatória que se tem que fazer pela Terra para chegar ao Céu. O conceito espírita se baseia nessa visão, talvez de maneira metafórica. E é esse mundo superior que é visto como a causa do nosso. Talvez com pequenas diferenças já que os espíritas não acreditam no Diabo ou em demônios. Para eles, todos os espíritos estão em determinado estágio, que pode ser o de luz ou não. E nenhum está condenado a condição das trevas para sempre.
Essa é outra idéia que faz parte do senso comum. As pessoas não conseguem ver a matéria como algo auto-contido, elas acham que algo não-material teve que existir antes para dar origem ao outro. Mas poderíamos pensar: e o que deu origem ao espiritual? Ou seja, poderíamos transformar esse argumento numa regressão infinita. Assim, é preferível parar no degrau onde temos evidências, que é a matéria. Não sabemos nada sobre o espiritual. Tão pouco sabemos se ele existe, tudo que resta é a crença.
O Espiritismo é uma religião diferente das outras por dizer que seus conceitos possuem algum tipo de comprovação científica não-clássica, o que se torna muito conveniente, ou seja, o nome ciência é usado só como uma forma de dar credibilidade a idéias que na verdade são baseadas em experimentos não-científicos e pouco rigorosos e em crenças.

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