segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A Verdade Está Lá Fora

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Nas últimas semanas creio que a possibilidade de existência de seres extraterrestres aumentou, principalmente no meio dos astrobiólogos. A NASA encontrou aqui na Terra um ser vivo que ao invés de usar um dos componentes essenciais para a vida, o fósforo, usa o arsênico, uma substância altamente tóxica. Até então nunca tinha sido encontrado um ser que fosse diferente com relação às leis químicas primordiais que possibilitam a vida. Isso fez com que fosse mais palpável a hipótese da existência de vida alienígena quimicamente diferente de nós terráqueos, abrindo as portas para o encontro de entidades biológicas em planetas que não necessariamente possuem as mesmas condições da Terra. Mas toda essa situação acaba suscitando algumas questões: será que realmente é coerente contar com a existência desses seres? Considerando o encontro de vida inteligente, isso seria benéfico para nós? 

Bactérias descobertas pela NASA
Vivemos num planeta pequeno, no canto de uma galáxia também de tamanho nada considerável,  a Via Láctea. Nosso planeta orbita uma estrela anã-amarela e se distancia desta de maneira que o planeta não seja nem muito quente nem muito frio, possibilitando a existência de água líquida, que é um dos requisitos mínimos para haver vida como a conhecemos. Aos poucos os astrônomos estão achando planetas com uma composição e localização mais ou menos compatíveis com a da Terra, o que significa que talvez estejamos próximos de encontrar planetas com vida. Mas, deixando alguns dados empíricos de lado, pensemos na seguinte coisa, nas palavras do astrônomo brasileiro Marcelo Gleiser (livro Micro Macro 2):
Nossa galáxia tem 100 mil anos-luz de diâmetro e uma idade de aproximadaente 10 bilhões de anos. Vamos spor que vida só é possível em planetas como a Terra, girando em torno de estrelas como o Sol. Foram necessários 5 bilhões de anos para que vida inteligente se desenvolvesse aqui na Terra, metade da idade da galáxia, a segunda metade. É razoáve supor que estrelas como o Sol tenham surgido também durante os 5 primeiros bilhões de anos de existência da galáxia. Portanto, deveriam haver várias civilizações inteligentes, muito mais antigas do que a nossa (...). Supondo que existam, imaginemos uma ‘apenas’ um bilhão de anos mais velha. Se os Ets são capazes de viajar 1/10 da velocidade da luz em um bilhão de anospoderiam já ter atravessado a galáxia mil vezes. Ou seja, esta civilização poderia já ter colonizado a galáxia inteira. Cadê todo mundo?
Conspiração?
Isso se chama O Paradoxo de Fermi. O questionamento se mostra extremamente pertinente, não acham? Onde estariam esses seres? Existem basicamente 3 soluções possíveis para esse paradoxo. A primeira, e preferida dos ufólogos e conspiradores de plantão, é que os aliens já estão entre nós. A segunda é que os homenzinhos verdes podem existir mas não querem se comunicar conosco (o que eu acho bem difícil, se eles tiverem a mesma curiosidade que nós). Ainda temos a terceira solução, cuja resposta é também um alerta para nós: talvez eles não existam mais porque atingiram um nível tecnológico suficiente para de fato acabar com eles mesmos em guerras. Digo que se trata de um alerta porque, se pensarmos bem, a tecnologia realmente avançada (computadores, eletrônica e etc) existe somente há uns 100 anos e já temos poder bélico suficiente para tornar a vida extinta umas 7 vezes, imagine uma civilização mais avançada o que não seria capaz de fazer consigo mesma. 

Carl Sagan
O astrônomo Carl Sagan (já falecido), foi um dos criadores do projeto SETI (Search for Extra-Terrestrial Intelligence) que tem por objetivo tentar esbarrar em algum sinal de rádio perdido pelo espaço, deixado por outras civilizações. Até hoje não obteve sucesso. Mas, de qualquer forma, esse é um dos ícones da esperança humana em relação à essa busca, e Carl sagan tem um importante papel nisso. Ele escreveu um livro, Contato, que narra exatamente essa busca humana, e importantes questões são levantadas. No livro, construímos uma máquina semelhante às antenas do SETI, que tem como objetivo mandar sinais de rádio para o espaço e assim, dar a chance de civilizações alienígenas nos acharem. Mas, até que ponto isso é uma atitude que trará bons frutos? Seria lógico contruírmos uma máquina dessas? 

SETI
Caso nosso sinal seja captado por alguma civilização mais avançada, com certeza a comunidade científica e até o planeta inteiro iria entrar num intenso frenesi, mas se nos basearmos em nossa própria história, teríamos mais motivos para nos preocuparmos do que comemorarmos. Quando os espanhóis e portugueses vieram da Europa para a América, lembram do que aconteceu? Escravidão, massacres, doenças desconhecidas dizimando populações, imposição de credos e cultura e exploração dos recursos naturais até a escassez. Será que, como nos alertou Stephen Hawking, devemos evitar esse contato com possíveis consequências desastrosas? 

Isso tudo levando ainda uma outra pergunta: com todos esses  “e se”, será que é coerente que governos apliquem milhões de dólares em projetos como o SETI?
Cristóvão Colombo viajou para o Novo Mundo disposto a achar especiarias, ouro e diamente. Voltou com batata tomate e milho. E isso é 50% de nossa alimentação hoje. O que nos impactou não foi o que procurávamos”, diz o ex-diretor da NASA Daniel Goldin sobre por que gastar dinheiro procurando vida extraterrestre.


7 comentários:

Mário César Mancinelli de Araújo disse...

O Paradoxo de Fermi tem um problema extremamente grave: ele supõe apenas civilizações colonizatórias. Nisso, deixando apenas duas possíveis respostas, se torna uma falácia: a falácia da falsa dicotomia.

Uma civilização, para chegar nesse ponto de desenvolvimento, precisa primeiro não se auto destruir. Em nosso caso, ainda não superamos o risco de um hecatombe nuclear e estamos apenas começando a enfrentar os problemas climáticos, coisas semelhantes às quais uma civilização ET provavelmente teria de ter passado para atingir tal grau de evolução tecnológica.

E se analisarmos aquilo que se propõe (ao menos no momento) para superar o problema climático, é certo que teremos de abandonar todo e qualquer instinto colonizatório.

Então... Uma civilização dessas teria que tipo de motivação para vir até aqui? Na minha opinião, apenas a curiosidade científica. E essa sim, pode levar qualquer civilização bem longe.

Então... Será que uma civilização assim, passando por aqui, teria interesse em nos contatar?

Enfim... Só para deixar claro que isto é apenas especulação. E nem estou propondo que alguma civilização tenha nos visitado ou mesmo esteja nos visitando (apesar de eu achar que isso possa ocorrer a qualquer momento). :)

Felipe disse...

Mário, acho que concordo com vc....o interesse científico com certeza é uma mola propulsora de diversos atos humanos e poderia se encaixar nesse caso da exploração de outros planetas.

Mas nossa visão sobre os seres inteligentes que por ventura possam existir por aí, é uma mera projeção dos atributos humanos. Não temos como saber com certeza como seria essa forma de vida. Nossas suposições são limitadas pelo que conhecemos como vida inteligente.

Quanto à visita de aliens...bom, eu acho que poderia ser algo muito bom ou muito ruim para nós aqui na Terra. Ou poderia ser neutro. Mas permaneço cético até onde e quando eu puder porque cogitar essa hipótese, a de que aliens estão entre nós ou já estiveram, se mostra totalmente metafísica. Se repararmos bem é até metafísica da mesma forma que no passado existiam os mitos que falavam de seres inimagináveis mas que habitavam outros mundo além da nossa compreensão, mas em outros planos de existência. Talvez o mito pós-moderno seja o da existência de aliens com uma tecnologia tão superior à nossa que seja indiferenciavel de poderes mágicos.

Mário César Mancinelli de Araújo disse...

Antes de mais nada: não propus a possibilidade de ETs estarem "entre nós". Mas sim de vir, fazer pesquisas e ir em bora. Isso pode acontecer numa hora dessas sim.

Quanto à visão humana da coisa, o ponto é o seguinte: a física é a mesma em todo o universo. A química idem. Então não há porque supor que a evolução o seja. Sendo assim, qualquer civilização extraterrestre teria muito daquilo que temos sim, até por vir de nossa evolução como espécie.

Só pra dar um exemplo absurdo: a diferença entre homens e mulheres ao fazer compras. Homens entram, pegam o que querem, pagam e saem. As mulheres? Desmontam a loja toda. E ficam lá por horas. E isso é devido à nossa evolução mesmo.

Quer dizer, a partir de um certo momento (quando nos unimos em grupos ou tribos) as obrigações acabaram sendo divididas: nós, homens, caçávamos e as mulheres colhiam vegetais e frutas. E acontece que pra caçar tem de ser mesmo ágil, rápido. Ou perde a caça. Já para recolher frutos e vegetais precisa ser detalhista, examinar muito bem, ter calma, etc.

E isso é extensível pra vários outros comportamentos, até mesmo ao instinto de colonização, exploração (no "mal sentido" da palavra mesmo), etc.

Então, no fim, eles seriam mais parecidos conosco (comportavelmente, claro), do que supomos. ;)

De resto... Concordo contigo. :)

Kelly Conde disse...

Eu acho que existem mais possibilidades do que imaginamos, sendo algo bom, ruim ou neutro.
Concordo e acho bem claro que o interesse científico pode levar qualquer civilização bem longe e seria talvez o principal motivo para se tentar descobrir sobre vida em outros planetas. Acho interessante a colocação do Felipe sobre o mito de alien com uma tecnologia tão superior à nossa, pois, afinal, não há nada que prove que, se houver vida extraterrestre, ela seja desse modo.

Mário César Mancinelli de Araújo disse...

Ah sim... Detalhe: também sou cético. Investigo ufologia mais por curiosidade e por ainda existirem alguns casos não explicados. Mas, até agora, nem sinal de evidência de visitação ET.

Encontrei umas coisas BIZARRAS (até no site da NASA), mas... Só curiosidades mesmo.

E tenho um site sobre ceticismo, ciência, filosofia e ateísmo: http://livrespensadores.org/

Fique à vontade caso queira reproduzir algum texto de lá (recomendo o sobre o fim do mistério do Triângulo das Bermudas). ;)

Felipe disse...

Mário, não sei se vc lembra, mas a descoberta da nova forma de vida, pela NASA, muda um pouco a nossa visão de que vida só poderia existir nos moldes "terráqueos". Além disso, a evolução ocorre através da seleção natural, que age sobre indivíduos diferentes entre si, diferenças essas que existem por causa de mutações ALEATÓRIAS. Acho que essa aleatoriedade dá uma flexibilidade maior sim às formas de vida...concordo com a Kelly.

Mário, dei uma olhada meio superficial em seu site, mas já vi que vou gostar muito do conteúdo. Parabéns.

Rola uma parceria de banners??rs

Felipe disse...

Kelly, ainda escreverei um post sobre esse tema da nova tendência mitológica, com relação à aliens semelhantes a deuses. Fique ligada! rs

Enfim...seu comentário resumiu bem uma parte do que eu estava explicando ao Mário no comentário anterior.

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