O Papai Noel hoje certamente se tornou o ícone do Natal, sendo talvez mais mencionado até do que Jesus, cuja festa simboliza seu nascimento. Quem vê o bom velhinho sendo retratado como alguém que sai por aí distribuindo presentes não faz idéia do passado que o cerca até o momento em que virou a figura que conhecemos hoje.
Antes de o Cristianismo dominar a Europa com a conversão do Imperador romano Constantino e da realização do Concílio de Nicéia em 325 d.C., que marcou a criação da Igreja Católica e seus dogmas, o continente era dominado por religiões pagãs. Essas religiões tinham por tradição dar oferendas a deuses ou outros seres para que o inverno fosse aplacado, principalmente na época do Solstício de Inverno, que deixava todo o território ainda mais frio. Na verdade oferendas eram realizadas em muitas situações, como nos períodos de seca ou mesmo nos períodos de fartura, para assegurar que os deuses não venham a punir os homens trazendo a fome. Mas voltando ao inverno, o ser ao qual eram direcionadas as oferendas era o Velho Inverno. Ele era um sujeito coberto de peles de animais que percorria as casas para filar comida e bebida. Os europeus acreditavam que dando de comer e beber a ele, o inverno seria menos rigoroso.
São Nicolau |
Tradicionalmente, é atribuída a existência do atual Papai Noel a São Nicolau, mas o monge só surgiu séculos depois do Velho Inverno. Nicolau era um monge que viveu na Turquia no século IV. Reza a lenda cristã que ele ajudou uma menina muito pobre a não ser vendida pelo pai, que não tinha dinheiro para pagar seu dote. Para isso, o monge, um dia antes da venda, teria jogado um saco de moedas de ouro pela chaminé do casebre da pobre jovem.
No século IX, o religioso homem foi reconhecido como santo pela Igreja Católica e o dia de sua morte (6 de dezembro) passou a ser celebrado. Nessa época, as criancinhas ficavam em casa ansiosas pela hora em que um homem idoso vestido de bispo jogaria presentes pelas suas chaminés também. Essa foi a gênese do Papai Noel.
Desenho de Thomas Nast |
A aparência que nós conhecemos, do idoso gordinho e barbudo, começou a se formar especificamente com os desenhos de Thomas Nast, desenhista alemão, que publicou a imagem na revista americana Harper’s Weekly. O único problema é que o desenho estava em preto e branco e o personagem estava mais pra um gnomo do que para um homem velho. Nos anos seguintes ele foi aprimorando o personagem até acrescentar certos detalhes, como uma barriguinha proeminente e aumentando sua estatura ( que antes era de gnomo).
Papai Noel de Haddon Sundblom |
Em 1931, a Coca-Cola, atrás de um personagem que fosse símbolo da marca, contratou o artista americano Haddon Sundblom para transformar Papai Noel numa figura mais realista, ou seja, mais humana. Sundblom, curiosamente, fez uma espécie de auto-retrato.
E assim o personagem foi crescendo, ganhando vida própria e se desvinculando da Coca-Cola. Hoje, ao ouvir falar de Natal aposto que a maioria das pessoas são remetidas primeiramente ao Papai Noel do que a Jesus, cuja festa simbolicamente se refere (desde o Concílio de Nicéia) ao seu nascimento. Essa é uma das marcas do Capitalismo, que conseguiu se infiltrar nos mais diversos aspectos simbólicos da humanidade.
2 comentários:
Cara adorei o post...muito bem explicado..o Blog está nota 10
Valeu, Lunga!
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