quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Deuses Natalinos

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"Assim, como todos vocês tiveram oportunidade de descobrir sozinhos, existem novos deuses crescendo nos Estados Unidos, apoiando-se em laços cada vez maiores de crenças: deuses de cartões de crédito e de autoestradas, de internets e de telefones, de rádios, de hospitais e de televisões, deuses de plástico, de bipe e de néon. Deuses orgulhosos, gordos e tolos, inchados por sua própria novidade e por sua própria importância.Eles sabem da nossa existência, tem medo de nós e nos odeiam - disse Odin. - Vocês estão se enganando se acreditam que não. Eles vão nos destruir, se puderem. É hora de a gente se agrupar. É hora de agir." 
 
Natal. No que você pensou automaticamente quando leu essa palavra? Aposto que não foi no nascimento de Jesus, mas sim no Papai Noel com um saco cheio de presentes. Isso simboliza muito bem o que rola na cabeça das pessoas nessa data e o que elas fazem também. 

Tradicionalmente, o Natal é uma festa muito mais antiga do que o próprio Cristianismo. Essencialmente, é a comemoração do Solstício de Inverno, que ocorre na Europa e é celebrado dia 25 de dezembro, de acordo com o calendário romano. Com a conversão de Roma ao Cristianismo e criação da Igreja Católica nas primeiras décadas dos anos 300 d.C., a data deixou de celebrar o nascimento de Mitra (o deus solar que simbolizava o Solstício), dando lugar à Jesus Cristo, outro deus solar. 


Hoje, vivemos num país de maioria cristã, mas não podemos dizer que na prática o que celebramos é o nascimento de Cristo. Aliás, creio que isso ocorra no mundo inteiro. Parece que o grande alvo de “orações” e “preces” seja o Papai Noel, os presentes, a árvore de Natal e os pisca-piscas. 


No momento, estou lendo um livro chamado Deuses Americanos, de Neil Gaiman, que, de forma bem resumida, trata-se de uma aventura misteriosa na qual os deuses da Velha Ordem (Odin, Thor, deuses de tribos indígenas americanas, Ibis, Hórus e etc) estão esquecidos num mundo que não os adora mais. No entanto, não vivemos numa época sem deuses, eles só foram substituídos pelas divindades do mp3, do computador, do consumo e etc. É como se a mente humana criasse os deuses no momento em que começassem a venerar algo. Desse modo, assim como os deuses dos primeiros habitantes das américas, os indígenas, foram substituídos pelo deus judaico cristão, este e qualquer outro da Velha Ordem foram substituídos pelos mais novos. 


Este é só um livro, mas ele toca simbolicamente em algo realmente atual, e que o momento do Natal parece deixar mais claro ainda, de forma que o enredo da obra poderia ser Javé, Jesus e Maria (e o Espírito Santo talvez) às traças enquanto os deuses das tecnologias, do consumo, da superficialidade, velocidade, da árvore de Natal e dos presentes emergissem poderosos. 


Então, eu diria que é sempre bom refletirmos se a adoração vidrada a algo – um deus, uma prática ou um objeto – é algo saudável e pertinente, afinal, não é só com os rituais religiosos e divindades que temos de “nos preocupar” , se abster desses não garante liberdade de pensamento, necessariamente – ouviram, ateus? (haha).


Comentários (4)

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Oi Felipe,
1) O "NerdWorking" está super. Não só visualmente atraente, mas principalmente funcional. Show!

2) A tua pergunta: Sim. Kaikan Sol da Paz (Ipanema) na Br. da Torre quase Farme, se vc for do RJ p já se situou..

3) Ciência para crianças, é possível
http://tenhaumatoalha.wordpress.com/2012/12/27/ci...

(Lá em casa a plateia era dos 08 aos 80 anos - rs.rs.rs)

4) Dissonância cognitiva
é um termo usado pela psicologia para descrever a sensação de desconforto quando há realização simultânea de dois ou mais conflitos – seja de ideias, crenças, valores ou reações emocionais num individuo.
A Dissonância é despertada quando as pessoas são confrontadas com a informação que é inconsistente com as suas crenças, com aquilo que é importante para ela e um estado mental angustiante se instala.
Essas pessoas encontram-se fazendo coisas que não se encaixam com o que sabem, ou tem opiniões que não se encaixam com outras opiniões.
Em um estado de dissonância, sente se "desequilíbrio"; frustração, fome, medo, culpa, raiva, vergonha, ansiedade, etc e ela pode ser reduzida quando a crença de alguém puder ser restaurada através da busca de apoio de outras pessoas que compartilham da mesma fé ou na tentativa de persuadir a outros para juntar-se a sua percepção e mante-la a todo custo.

Fonte: Laura Botelho

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Vê se soa familiar:

HORUS nasceu em 25 de dezembro, filho de uma mulher virgem, foi acompanhado por uma estrela no Leste, que por sua vez, foi seguida por 3 reis em busca do salvador recém-nascido. Aos 12 anos, foi uma criança prodígio nos ensinamentos,e aos 30 foi batizado e assim começou o seu ministério. Ele teve 12 discípulos. Viajou com eles,fazendo milagres, tais como cirar os enfermos, andar sobre as águas. Também foi conhecido por vários nomes: A verdade, A luz, o Filho Adorado de Deus, o Bom Pastor, Cordeiro de Deus, entre muitos outros. Depois de ter sido traído, fpo crucificado, enterrado por 3 dias, e então ressuscitou.

Boa Sorte, Norma
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Just me, that's all I can be.
Nac♥
3 respostas · ativo 641 semanas atrás
haha Oi, Norma.

Sim, sou do Rio mas desconheço essas referências. Só sei onde é Ipanema.

Ah, obrigado pelos elogios ao meu blog! :D

Ah eu já ouvi dizeres desse tipo, devem ter saído do Zeitgeist, não é? Não lembro se é assim que se escreve.

Mas eu acho que a mitologia tem mais componentes em sua gênese do que a simples base nos astros. Acho que existe também um arquétipo psicológico que dá essas estruturas típicas do mito, ou pelo menos vão moldando, com o tempo, histórias reais que se vão se tornando narrativas mitológicas.

Valeu pelo comentário hein.
Beijo
A mitologia tem....
Com certeza!
Gostei mesmo. Vou indicar e voltar com frequência.
Nac♥

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