Um dia
estava lendo um exemplar de Vampiro
Americano – uma
ótima HQ com roteiro escrito por Stephen
King – e uma
amiga ao ler o título da capa perguntou: “Ih! Vampiros! É romance?” Quando
respondi que era uma história de vampiros de verdade ela não disse nada,
pareceu não se interessar. Ok, nesse dia eu vi que o Efeito Crepúsculo
tinha vindo para ficar.
Os
vampiros não necessariamente tem de ser personagens envoltos num terror absoluto,
mas não imagino sua história tão pouco sendo relacionada a romances e histórias
felizes. Seres chupadores de sangue ou de qualquer coisa relacionada à força
vital sempre existiram em diversas culturas, e sua história tem sempre relação
com a maldição que é, no fundo, a vida eterna e o modo de vida digno de um
parasita. Hoje, o que encontramos são histórias de vampiros com cabelinho na
moda, que querem estudar e levar uma vida normal, tendo que, para isso,
abdicarem até daquilo que dá a vida eterna a eles: sangue. E o pior, eles ainda
são capazes de se apaixonar e lutarem por um grande amor.
Acho
essas histórias deploráveis. Tudo bem, é um tipo de conto direcionado ao
público feminino, mas não acho que isso justifique a deturpação do espírito do
personagem trágico e assombroso que é o vampiro. Se fosse alguma outra criatura
mítica, tudo bem. Algumas pessoas me dizem assim (no geral, mulheres): “Ah, mas
você é muito fechado à novas formulações de personagens.” Não, não sou. Homem Aranha, Batman e Super
Homem, por
exemplo, são personagens que gosto muito e já foram reformulados várias vezes
para se adaptarem aos tempos atuais. Uma coisa que essas adaptações possuem e
que outras como Crepúsculo não tem é a permanência da essência do personagem.
Se você muda tudo, até mesmo a essência, por que deveríamos manter mesmo o nome
original naquela nova criatura? Além disso, ninguém é obrigado a gostar de uma
obra só porque é uma nova adaptação de algo mais antigo. Isto é, reconheço que
existe agora um novo modo de se escrever e descrever vampiros, mas posso
gostar dele ou não. As mulheres geralmente gostam porque elas frequentemente
apreciam esse tipo de narrativa voltada ao romantismo.
Mas,
enfim, o que venho contar neste post é que encontrei uma HQ que trata os
vampiros como o que são no modo clássico: criaturas perturbadas e luxuriosas
que só pensam em uma coisa: beber sangue e mostrar seu poder. Em 30 Dias de
Noite, conhecemos um pequeno lugarejo no Alaska, em que o Sol fica trinta
dias ausente, deixando o local numa verdadeira escuridão. Nesse meio tempo, os
policiais da cidade notam que muitos problemas nas comunicações estão
ocorrendo: telefones, celulares e internet não funcionam. Logo, percebem que
tais falhas parecem ter sido causadas por vida inteligente, com um propósito
sombrio.
Logo esses monstros, que parecem ser uma mistura de vampiros, zumbis e demônios, chegam. Uma aparência pálida, lisa e ameaçadora, vampiros aos
trapos como se negligenciassem totalmente a aparência em prol de uma caça
incansável intercalada por uma fuga constante para garantir sua sobrevivência.
Seu objetivo lá é só um: transformar a pequena cidade num inferno gelado, onde
pessoas são tratadas como frascos a serem abertos e chupados, onde nem idosos
nem crianças são poupados. Os traços um tanto borrados e pouco definidos dão um
incrível ar de realidade às cenas, e o clima de poucas cores aumenta essa
sensação mais ainda, criando também uma aura de mistério e terror. Então, acho
que esse quadrinho realmente é uma ótima opção à todos aqueles que preferem um
vampiro à moda antiga, com sustos e tensão.
Algumas
HQs: 30
Dias de Noite - Contos de Terror e Neve
Rubra
Filme: 30
Dias de Noite