
Como todos já
estão carecas de saber, a história de Batman começa com ele ainda criança,
saindo de um espetáculo com seus pais, que são friamente assassinados por um
ladrão num beco. Debruçado sobre os corpos de seus pais, Bruce promete fazer o
que for necessário para que algo desse tipo nunca mais aconteça. A partir desse
ponto, ele decide devotar sua vida a treinar mente e corpo para realizar seu
propósito; ao contrário dos outros heróis, que primeiro recebem uma habilidade
especial para depois decidirem o que fazer com ela, Batman torna-se um herói
voluntariamente para depois iniciar o treinamento que o transformaria numa
lenda.
“E eu juro, pelo espírito de meus pais, vingar a morte deles e devotar o resto de minha vida combatendo todos os criminosos”. Versão de 1939, escrita por Bob Kane e Bill Finger.“Eu prometi a meus pais que livraria a cidade do mal que tomou a vida deles”. Versão da origem de Batman escrita por Jeph Loeb e Tim Sale.
Essas são
duas frases ditas ou pensadas pelo menino, em duas versões diferentes de sua
origem. Repare que na primeira, Bruce jura vingar-se, enquanto que na segunda,
ele apenas promete livrar a cidade dos maus elementos, sem deixar claro o
método nem a motivação específicos. Mas, seguindo a linha da primeira, será que
Batman realmente faz o que faz por vingança?
Arrisco dizer
que se o Homem Morcego agisse por um simples desejo de vingança, sua sede seria
saciada em algum momento, ou o que ele procuraria, mais provavelmente, seria dirigir
toda sua brutalidade para cima do assassino de seus pais. No entanto, não é o
que acontece. Ele até chega a afirmar em uma história – que agora não me
recordo qual – que o que ele mais teme é descobrir a face do assassino de sua
família.
De certa
forma, podemos pensar que Batman projetou seu ódio de um único indívíduo nos outros
criminosos de Gotham, de modo que a face que ele tenha pouco importa, o que
motivaria-o a perseguir todos os fora-da-lei de Gotham eternamente, até que
eles tenham fim.
No entanto,
há uma série de fatores aí que pesam na hora de decidir se o que ele faz é
vingança ou não. Considere o fato de que Batman possui a regra de nunca matar
nem usar armas de fogo. Isso indica a existência de propósitos mais amplos do
que a simples recompensa pessoal. Considere o Justiceiro, por exemplo. Frank
Castle perdeu sua família assassinada pela máfia, o que o motivou a passar o
resto de seus dias dedicando-se a matar criminosos. E ele não se faz de rogado,
sempre que encontra um meliante não pestaneja antes de estourar seus miolos sem
perguntar nada antes – a não ser que isso o ajude a chegar a mais bandidos.
Como o
filósofo Randall M. Jensen diz em um capítulo do livro Batman e a Filosofia, o conceito de punição parece ser algo mais
coerente no caso do morcego. Ele não sai pela cidade simplesmente colocando
medo e predendendo marginais, mas punindo-os por seus atos imorais. No entanto,
essa resposta ainda não é o suficiente para saciar nosso desejo de conhecer as
motivações do Cavaleiro das Trevas. Afinal de contas, a morte de um ente
querido seria o suficiente para motivar uma criança a seguir a árida estrada
até se tornar um vigilante mascarado tão devotado quanto Batman? Com certeza
esse é um dos ingredientes dessa receita, mas existe um componentes fundamental
sem o qual todos esses eventos e pensamentos não teriam liga para formar o que
conhecemos pelo encapuzado herói: a promessa. Acima de qualquer coisa, Bruce
Wayne vive sua promessa feita no passado de uma maneira inconcebível para a
maioria de nós. E esse pode ser o componente essencial de sua incorruptibilidade
e persistência tão temidos pela vilania e bandidagem de Gotham.
Julia · 662 semanas atrás
Felipe C Novaes 57p · 662 semanas atrás
Julia · 661 semanas atrás
Felipe C Novaes 57p · 661 semanas atrás